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  • Foto do escritorAriel Farias

SUDESTE ASIÁTICO 6º Dia - Passando o dia na antiga capital da Tailândia (09/11/2016)

Saímos cedo do Old Town Hostel (em Bangkok) rumo à estação de trem Hua Lamphong, tentar pegar o trem das 7h30 para Ayutthaya. No caminho tomamos o café de sempre no 7eleven e antes das 7h já estávamos lá.

Chegando na estação, fomos para a fila comum da bilheteria comprar a passagem quando uma mocinha tailandesa chegou para nós e os outros estrangeiros da fila e pediu para passarmos numa outra salinha que dizia ser o local de venda de tíquetes para turistas. Pensei comigo mesmo: olha o golpe! Mas não, era um local de vendas com atendimento em inglês, inclusive o preço do bilhete era o mesmo da bilheteria.

Bilhete de trem ao custo de inacreditáveis 20 baths (2 reais!); Esperando o trem na plataforma.


Com um pouquinho de atraso, chegou o nosso trem. Compramos o bilhete comum mesmo, visto que a viagem até Ayutthaya é de apenas duas horas. O trem, um caco velho com poltronas pra lá de desconfortáveis, na primeira hora passa dentro do perímetro urbano de Bangkok (inclusive há uma parada no Aeroporto Don Muenang, o aeroporto secundário da cidade e que opera os vôos das companhias Low-Cost tipo AirAsia, Thai Airlines, LyonAir, etc), a uma velocidade de 10km por hora. Só depois que sai da cidade é que ele "engrena", passando por vilarejos bem pobres que ficam à beira dos trilhos, cujos moradores vivem com a venda de comida e entre outros para os passageiros dos trens (o trem anda tão devagar que o pessoal consegue vender ali nos trilhos). Lá pelas 9h30 chegamos na estação única da cidade.

A Tailândia que a Globo não mostra

Lá em Ayutthaya funciona assim: a parte da cidade que possui os templos e prédios históricos que abrigavam a sede da antiga capital do reino do Sião (parte antiga), se concentra, estrategicamente é claro, em sua maioria, num perímetro relativamente pequeno, que é cercado por 4 rios (entre eles o Chao Phraya) e que pode ser visto todo em um único dia sem pressa.

Ayutthaya foi a capital da Tailândia até o ano de 1767, quando o exército birmanês invadiu a cidade e destruiu tudo, obrigado o reino a mudar para Thonburi e depois para Bangkok. 

A maioria dos visitantes ou faz um bate-volta no mesmo dia a partir de Bangkok, ou passa o dia em Ayutthaya antes de seguir com o trem noturno para Chiang Mai (que foi o que fizemos). Para percorrer a parte antiga da cidade há 3 opções: ou aluga-se um tuk-tuk particular para te levar nos templos, ou aluga-se uma scooter, ou uma bicicleta, sendo esta última opção a mais barata. Para quem já acompanha nossos relatos, já deve saber que optamos pela bicicleta né?

Descemos na estação de trem e fomos atrás do guarda-volumes para deixar as mochilas. Chegando na sala do guarda-volumes, só tinha um tiozinho mexendo no celular e indicando: "para guardar as mochilas? pode deixar na salinha ali". Bem isso, tu larga as mochilas ali numa sala aberta, umas em cima das outras, sem armário para trancar. Na confiança mesmo. O tiozinho até te dá um recibo que tu deixou a mala, mas nem olharam depois quando fomos retirar no fim do dia. Brasileiros e desconfiados que somos, pelo menos trancamos com cadeado as mochilas (como se fizesse diferença se alguém entrasse ali e a levasse).

Atravessamos a rua da estação e ali já tem várias lojas alugando bicicletas (parece que há a opção de atravessar de barco ali o rio e alugar bikes já lá do lado da zona antiga, sem precisar passar de bicicleta pela ponte). Fomos na primeira que passamos e alugamos as nossas, deixando uma cópia do passaporte de garantia e ganhando um mapinha da cidade. As bicicletas acho que eram do tempo que Ayutthaya era a capital da Tailândia ainda de tão velhas e demolidas, mas quebraram o galho.

Mapinha turístico de Ayutthaya

Tínhamos feito uma lista dos lugares que queríamos visitar na cidade e partimos então com nossas bikes, primeiro para o lugar mais distante, para depois ir voltando até a estação. Atravessamos a ponte que dá acesso à zona antiga da cidade e fomos costeando o Rio Chao Phraya até a primeira parada, o templo Wat Chaiwatthanaram (se preparem agora para os nomes impronunciáveis). Acabamos queimando a largada indo de cara no templo que achamos o mais bonito de Ayutthaya.

Templo Wat Chaiwatthanaram

Apesar de destruído (assim como todos os templos históricos de Ayutthaya), pode-se ver a magnitude de suas estopas e torres, todas rodeadas por escombros de paredes e muros. As estátuas de Buda decepadas que ficam envolta da torre central de estilo Khmer (cambojano) também dão um ar meio sombrio que combina perfeitamente com o local (e rende altas fotos instagramáveis hehehe), além do sítio em si, com o Chao Phraya correndo ao lado, que é muito bonito e arborizado. Pagamos 100 baths a entrada.

Antes de voltar para a zona antiga (já que o Wat Chaiwatthanaram fica tecnicamente do outro lado do rio), passamos no 7eleven para almoçar. Compramos nossa comidinha pronta congelada e comemos ali na rua mesmo em frente ao mercadinho. Não compramos cerveja desta vez por medo da desidratação, já que já estava começando a esquentar e nós tínhamos o dia inteiro ainda para pedalar no sol. Ao invés disso, compramos duas águas que se mostraram muito valiosas no decorrer do dia.

Seguimos então para um dos momentos mais marcantes do passeio, quiça de toda a viagem. Conhecer o Buda do Street Fighter! Este pra mim foi um sonho realizado. Desde a infância, quando jogava o jogo no fliperama e mais tarde no megadrive, o cenário do Sagat sempre me intrigava. Será que existe um local assim? Pensava. E não é que existe mesmo? E é demais! O Wat Lokayasutharam (eita), templo que abriga este monumento, é com certeza um dos mais destruídos de Ayutthaya. Do templo mesmo não sobrou quase nada, dizem que foi incendiado de maneira brutal, só sobrou mesmo este monumento enorme do Buda em posição reclinada que serviu de inspiração para um dos cenários deste jogo histórico. O local é um pouco difícil de achar pois fica no meio de uns bosques, sendo a entrada grátis. Ficamos ali um tempão admirando o monumento (eu segurando as lágrimas de emoção) e observando quem que iria querer tirar uma foto na frente do buda em pose de luta pra fingir que estava no Street Fighter. Até que uns garotos japoneses o fizeram e foram imediatamente repreendidos por uma senhora por estarem faltando com o respeito com o Buda, hehehe.

Lugar que serviu de inspiração para o cenário do Sagat no jogo Street Fighter

Fomos então para o próximo lugar da lista, um grande conjunto de templos e edificações que fica quase ao centro de Ayutthaya e que foi o equivalente ao Gran Palace hoje em Bangkok. O lugar que serviu de residência para os antigos reis da Tailândia quando a capital ainda era lá, e que abriga diversos templos, estopas e jardins. Dentro deste complexo visitamos três templos, todos por 100 baths a entrada de cada.

O Gran Palace de Ayutthaya

Primeiro fomos no Wihan Phra Mongkhon Bophit. Que abriga a maior estátua de buda feito de bronze da Tailândia, que infelizmente estava em reformas no dia e não pudemos conhecer. Depois seguimos para o Wat Phra Si Sanphet, que é um dos principais cartões postais de Ayutthaya. No seu centro ficam 3 estopas enormes e belíssimas (aqueles locais onde dizem estar enterradas as relíquias do buda) e o mais legal é que pode-se subir até a entrada delas e ter uma vista privilegiada de todo o perímetro.

Wat Phra Si Sanphet


Havíamos lido ainda na época do planejamento da viagem que em Ayutthaya tinha que se ter muito cuidado com cães selvagens que ficavam pelas ruas e pelos templos, pois eram muito perigosos e podiam te atacar a qualquer momento. Os primeiros cachorros que vimos foram exatamente ali, tinha um bando deles. Só que os tais "cães selvagens" não tinham nada de selvagens. Ou estavam morrendo de calor ou tinham acabado de comer, pois só ficavam na deles ou dormindo.

Os "perigosíssimos" cães selvagens de Ayutthaya


Falando em calor, já eram umas 14 horas e o sol estava castigando. Pegamos nossas águas compradas no 7eleven e nos demos um banho pra refrescar. Depois seguimos para um píer a beira de um lago que fica ao lado do templo, do outro lado do muro principal para aproveitar uma sombrinha. A vista do píer pro lago é muito bonito e um cartaz nele dizia que esse era o jardim onde o rei e a rainha iam para relaxar, sendo que ao lado ficava o palácio real, este já todo em ruínas e tomado pelo mato, quase sem vestígios.

Dando uma refrescada no calor

Por último, ainda dentro do complexo, passamos no Wat Phra Ram. Outro templo com torres em estilo Khmer bastante destruído pela invasão birmanesa. Este templo serviu de locação para várias cenas do clássico filme "O Desafio do Dragão" do Van Damme (um dos meus favoritos até hoje!), daí não pude resistir em tirar umas fotos "encarnando" o personagem Kurt Sloane, hahaha.

Curtindo uma de Van Damme (kkkkk). Ao fundo, as ruínas do Wat Phra Ram


Saímos dali em direção ao templo Wat Maha That, o mais próximo à estação de trem. No caminho passa-se dentro do Rama Public Park, um parque bem grande e arborizado, com diversos lagos (e templos, é claro) interligados por pontes formando umas espécies de ilhas.

Passando pelo Rama Public Park

Neste caminho tivemos o primeiro contato com o turismo exploratório de animais na Tailândia, algo que é bem sério e apesar de contar já com diversas organizações que combatem este tipo de prática, ainda é muito comum na região. Elefantes servindo de transporte turístico, levando as pessoas em seu lombo como se fosse um cavalo, sendo que este tipo de atividade é extremamente danosa para o animal, comprometendo toda sua musculatura.

Turismo exploratório de animais #DIGANÃO

Já bem cansados de pedalar as bicicletas velhas e do calor, chegamos no Wat Maha That, o templo mais instagramado de Ayutthaya, que é famoso pela cabeça de buda encravada no meio de uma árvore. O templo em sí é bem parecido com os outros, valendo mais pela cabeça de buda na árvore mesmo, que dizem que foi arrancada de uma estátua, ficou no chão e a árvore cresceu em comunhão com ela (sei não hein. Acho que eles mesmo botaram a cabeça ali para atrair turistas hehehe). O legal é que, para tirar fotos com uma estátua do buda, a cabeça do buda sempre tem que estar mais alta na foto do que a cabeça da pessoa (se não é falta de respeito e uma afronta ao buda), então ali na frente da árvore tem uma instrução dizendo para a pessoa se abaixar para tirar sua foto.

Templo Wat Maha That com e sua iconica cabeça de buda entre as árvores


Na saída do templo, já do lado de fora, ainda havia uma praça com várias árvores e, quando vimos, estas contavam com vários esquilos que subiam e desciam pelo tronco atrás de comida. Era a primeira vez que víamos este tipo de bichinho, assim, solto na natureza, então resolvemos pegar um sorvete e ficamos sentados em uns bancos os observando e aproveitando para descansar um pouquinho.

Esquilinhos na praça em frente ao Wat Maha That

Ainda havia um último templo que queríamos visitar, o Wat Yai Chai Mongkol, que é conhecido por contar com uma dezena de estátuas de buda enfileiradas e também por ser permitido subir em sua torre central, o que dá uma vista interessante da cidade, sendo preferível visitá-lo no fim da tarde para apreciar o por-do-sol. Porém, exaustos do calor e com o tempo já fechado, sem indícios de que daria pra ver o por-do-sol, resolvemos já seguir para a estação para esperar o nosso trem e, ainda bem que o fizemos, pois chegando na estação, deu 10 minutos começou uma chuvarada tenebrosa que com certeza nos deixaria ensopados (ainda mais de bicicleta).

Largamos as bicicletas com um pouco de receio, já que dizem que um golpe comum na Tailândia é você alugar alguma coisa (scooter, jet sky, bicicleta e etc) e no momento de devolver o carinha dizer que tu estragou alguma coisa e que vai ter que pagar por aquilo ali (e que não adianta chamar a polícia, o consulado, o papa, tem que pagar de qualquer jeito. É tipo uma "lei informal" do país), e nossas bicicletas eram de um estado no mínimo deplorável, mas foi tranquilo, devolveram nossa cópia do passaporte, passamos no 7eleven para comprar "mantimentos" para a viagem de trem e chegamos na estação ali pelas 18h. Pegamos nossas mochilas daquele jeito que havia dito: passamos pelo guardinha que só apontou para a gente entrar ali na salinha e pegá-las, nem pediu recibo nem nada e continuava no celular. Tudo certo, agora era só esperar nosso trem, que já havíamos comprado passagem com bastante antecedência através da agência aquela que passamos bem no início da viagem, devido à procura estar grande já que estávamos entrando na semana do festival das lanternas de Chiang Mai. Abrimos umas Singhas (não muitas já que o banheiro ali era cobrado hehehe) e ficamos observando o vai-e-vem da estação. Um dos que passaram por ali e vieram puxar papo era um casal de brasileiros que ficaram espantados como nós conseguíamos viajar todo esse tempo só com as nossas mochilinhas. Nos contaram também que alugaram um tuk-tuk privativo para levá-los para percorrer a cidade e o motora não sabia falar inglês, levou eles nos lugares errados e no fim não conseguiram visitar a metade dos templos que queriam (viu? Se tivessem alugado a bicicleta isso não teria acontecido hehehe). Eles partiram para Chiang Mai no trem das 19h30 e nós continuamos ali.

Esperando nosso trem para Chiang Mai

Ainda esperando nosso trem, mais uma cena bizarra: passou um senhor com uma roupa de exército com dois "seguranças" ao lado e então toda estação começou a olhar, cochichar, apontar, um tiozinho mais "desinibido" até chegou junto ao senhor e pediu para tirar uma foto com ele. Com certeza devia ser alguma autoridade da Tailândia, ou algum famoso no país.

21h e pouco enfim, chega nosso trem. Este bem mais conservado do que o que havíamos pego na manhã. Este trem que você vai dormindo (sleeper train), na classe que compramos a passagem, não possui cabines individuais. Fica o corredor de um lado e do outro "nichos" com sofás de frente para o outro, que a noite eles transformam em 4 camas. No horário que entramos, a cama já estava arrumada, ficando no mesmo "nicho" que nós, dois rapazes chineses que passaram a viagem toda com as cortinas fechadas, não deram nem oi para nós e durante a noite faziam barulhos bemmm assustadores enquanto dormiam.

Nosso "quarto" com beliche para a noite

Largando nossas coisas, passa então uma senhorinha vendendo café da manhã para o outro dia. Nós até já tínhamos nossa comida, mas a tiazinha era tão simpática que acabamos comprando.

Suados e fedorentos de passar o dia inteiro pedalando no calor. Fomos correndo para o banheiro pois pensávamos: trem noturno? Deve ter chuveiro né? Que ingênuos. O negócio foi improvisar um banho com o chuveirinho do vaso sanitário mesmo e com a pia para dormir um pouco "menos sujos".

Cara de espanto da Juju ao descobrir que o vagão não tem chuveiro

Antes de dormir ainda fizemos uma "degustação" dos salgadinhos estranhos que compramos no 7eleven, só para realçar nossa certeza de que os salgadinhos mais comuns são sempre os melhores mesmo. Devidamente alimentados, fomos dormir apreciando a paisagem passando pela janela do trem.

Provando as comidinhas do 7eleven (pelas fotos dá pra ver quem pegou o salgadinho mais horroroso)


Foi a primeira vez que pegamos um trem noturno e achamos muito confortável e divertido, nos apaixonamos! Sempre que possível hoje em dia optamos por este tipo de transporte nas nossas viagens.


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