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  • Foto do escritorAriel Farias

ÁFRICA DO SUL 16º Dia - Tsitsikamma Park um dos lugares mais bonitos do planeta (29/11/2017)

Dia de se despedir de Knysna e partir rumo à próxima parada da nossa Garden Route: Jeffrey´s Bay. No trajeto no entanto, passaríamos a manhã no Tsitsikamma Park, um dos parques mais conhecidos da Garden Route (e não é pra menos).

O parque fica à 97 quilômetros de Knysna e, mais ou menos na metade do caminho, há outra cidade ponto de parada bem procurada da Garden Route que é Plettenberg Bay, a qual, infelizmente, tivemos que cortar da nossa programação devido ao nosso curto tempo, mas que parece ser uma cidade bem interessante, um pouco maior do que as outras que passamos, contando com diversas atrações tais como mirantes para observar baleias, trilhas, reservas naturais com animais selvagens, esportes aquáticos, praias e até visitas à townships que tem por ali (o equivalente às favelas na África do Sul), mostrando que trata-se sim de uma cidade grande ou pelo menos maior do que as demais da Garden Route. Para quem tiver tempo de passar por lá, recomendo.

Voltando a nossa viagem, acordamos cedo então e seguimos rumo ao Tsitsikamma Park. Esta parte da estrada possui paisagens belíssimas, com muito verde e o mar ao fundo, além de campos bastante floridos, fazendo jus enfim a Garden Route ao seu nome. No caminho, passamos pela Bloukrans Bridge, uma das pontes mais famosas do mundo. Famosa pois nela fica localizado o Bungee Jump mais alto do mundo, cobiçado por aventureiros do mundo inteiro. O salto é realizado em uma plataforma embaixo da ponte, proporcionando aos fãs de adrenalina uma vista incrível de montanhas de um lado e o mar do outro. Passando de carro por cima, visto se tratar de uma autoestrada de alta velocidade, não se consegue ver ninguém saltando e, se não se olhar no mapa, parece que está se passando por uma ponte qualquer (só que bem alta). Queríamos parar para acessar a plataforma do bungee para pelo menos observar as pessoas saltando mas, acabamos passando reto e nem vimos a saída que dá acesso para o local dos saltos (que fica à esquerda passando mais de um quilômetro da ponte).

Sendo assim, seguimos até o Tsitsikamma Park. A saída para este também não é muito sinalizada, mas, como havíamos marcado no GPS, achamos tranquilo, à direita da estrada a uns 17 quilômetros da Bloukrans Bridge. Pagamos na época 196 Rands a entrada por pessoa, pegando uma certa fila de carros no portão. Meio carinho comparado aos outros parques mas valeu cada centavo. Do portão até o estacionamento dos visitantes são mais 3,8 quilômetros, e no caminho já vai se tendo uma noção do visual estonteante do lugar.

Belíssima paisagem do Tsitsikamma Park

O Parque Tsitsikamma é uma área protegida da Garden Route que cobre 80 quilômetros de extensão, caracterizada pela floresta intocada de um lado e a costa de paredões pedregosos e pequenas praias do outro. A palavra "Tsitsikamma" é originária da língua Koi-koi dos nativos da região e significa mais ou menos "água limpa" ou "lugar de muita água".

No parque encontra-se a maior e mais antiga reserva de preservação marinha de toda a África e, assim como os demais parques da Garden Route, possui uma vegetação nativa inestimável composta de Fynbos e Proteas.

Quanto à estrutura para visitantes, este conta com diversos restcamps com acomodações para vários gostos e bolsos, desde lugares para barracas até chalés de luxo, sendo que o principal e mais bem estruturado é o Storms River, que fica junto ao estacionamento, indo reto pelo portão de entrada do parque (onde nós fomos). Confesso que nem sei como se chega nos outros camps, talvez por trilhas ou em outras saídas na estrada principal da Garden Route, a N2. Este camp principal conta com restaurantes, um mercadinho simples, churrasqueiras, espaço para barracas e chalés de madeira. Fazendo uma comparação com o Kruger Park, seria o equivalente ao Skukuza Camp de lá. Além disso, é o mais próximo da belíssima ponte suspensa sobre a Storms River Mouth, o encontro do rio com o mar e o principal cartão postal do Tsitsikamma Park.

No momento em que descemos do carro e se deparamos com aquele cenário surreal, de cara já se arrependemos amargamente de não termos passado pelo menos uma noite hospedado lá. Na nossa próxima passagem pela África do Sul, será parada obrigatória.

Descemos do carro então naquele cenário paradisíaco, atravessamos uma ponte suspensa que fica ao lado do grande restaurante junto ao estacionamento e já chegamos então na primeira prainha e ponto pra banho do parque.

Restaurante do Tsitsikamma (lá no fundo, o mercadinho)

Embora esta e as demais praias do parque sejam bem pedregosas e com mar revolto, a água não é tão gelada e, com cuidado, dá até pra encarar. Tiramos então nossos tênis e fomos aproveitar um pé na areia.

Prainha mais próxima do estacionamento do Tsitsikamma


Essa praia é o ponto de início de diversas trilhas pequenas, que por sua vez integram a Otter Trail, uma trilha bastante famosa da África do Sul que se faz em vários dias, acampando pelo caminho. Como nosso tempo no parque era pequeno e nosso sedentarismo grande, seguimos a trilha "padrão", que leva até o Storm River Mouth onde fica a icônica ponte suspensa.

A maior parte dessa trilha é toda sobre passarelas de madeira erguida na encosta, tendo a floresta de um lado e aquele mar estonteante do outro, sendo de fácil acesso, com apenas algumas leves inclinações e com um visual recompensador.

Trilha até o Storm River Mouth


O caminho é bem fácil e todo cheio de indicações e ainda painéis que contam curiosidades do local e trazem informações sobre a fauna e flora da região, quase como um museu a céu aberto.

Painéis espalhados pelo parque


Um dos pontos altos da trilha é uma pequena e bela cascatinha (ou seria cachoeira? Nunca sei a diferença) que se encontra no meio da mata. Paramos para dar uma descansada, só não encaramos um banho porque a água era muuuuitoo gelada e o laguinho em frente estava lotado de sapos.

Cascatinha no meio da trilha


Mais uns minutos adiante já se avista a ponte suspensa, principal cartão postal do parque, que atravessa o Storm River Mouth, saída do rio Storm que desemboca no mar.

Ponte suspensa sobre a Storm Rivers Mouth


É muito legal caminhar sobre a enorme ponte, praticamente atravessando o mar, dá uma boa chacoalhada e possui inclusive limite de pessoas que podem atravessar ao mesmo tempo e também é proibido pular na ponte. Nos sentimos como se estivéssemos no filme do Indiana Jones e o Templo da Perdição (mais ou menos...).

Muito divertido atravessar a ponte suspensa


O Tsitsikamma também é um parque muito procurado pelos amantes de esportes de aventura: são diversas opções como rapel, arvorismo, rafting e, o mais procurado e mais tranquilo de fazer: o caiaque. Na ponte pode-se ficar observando várias canoinhas passando o tempo todo com o pessoal praticando a canoagem, saindo ou adentrando do mar aberto em direção à Storm Rivers Mouth. Nós que ainda estávamos com os braços doloridos de remar no dia anterior, cansamos só de olhar, mas deve ser um passeio muito bonito navegando entre os paredões que margeiam o rio que proporcionam inclusive algumas pequenas cachoeiras pelo caminho.

Pessoal fazendo passeio de caiaque no Storm Rivers


No final da ponte, chega-se também ao final da trilha "padrão", em uma bela praia pedregosa. Até pode-se seguir adiante subindo um pequeno morro, mas daí no meio de pedras e mata fechada numa trilha mais "pesada". Nós paramos por ali mesmo, relaxando e curtindo mais um tempo uma das paisagens mais fascinantes do planeta.

Praia pedregosa na outra ponta da ponte suspensa


Mais um tempinho depois, começamos o caminho de volta para o estacionamento, pegar o carro e partir em direção à Jeffrey´s Bay, continuando nossa Garden Route. O Tsitsikamma Park até hoje está no meu top de lugares mais espetaculares que já conheci. Se bobear, está no topo da lista. Ah! Antes de ir embora ainda demos uma passada no mercadinho do camping e, realmente este é bem rudimentar e com pouca variedade de produtos. Para quem for pernoitar no parque é bom passar num supermercado antes para abastecer (fica a dica).


Jeffrey´s Bay


Pouco mais de 110 quilômetros de estrada depois, seguindo em direção leste, chegamos então a nossa próxima parada, o paraíso do surfe mundial, Jeffrey´s Bay:

Jeffrey´s Bay (J-Bay para os íntímos) é a sede onde corre uma das baterias mais importantes do circuito mundial de surfe. Especialistas do esporte dizem que as ondas de J-Bay são perfeitas para a prática do surf e, durante o ano, centenas de surfistas do mundo todo rumam para as praias da cidade em busca das melhores ondas.

Mas o que mais contribuiu para J-Bay se tornar conhecida internacionalmente para além da galera do surf profissional foram os ataques de tubarões, sempre ganhando holofotes da mídia. Desde 2015, quando um tubarão atacou um dos finalistas da etapa do mundial de surfe durante a sua apresentação, ocorreram mais alguns ataques esporádicos à banhistas e, o registro da presença de tubarões tem esporadicamente paralisado as competições de surfe no local. Em 2021, a pouco tempo atrás, foi registrado um novo ataque de tubarão a surfistas, motivo que fez com que as autoridades fechassem a praia por um tempo.

Pode-se dizer que a cidade vive e respira surfe: lá se encontram as outlets e fábricas de todas as marcas mais conhecidas de surfe como Billabong, Element, RipCurl, Quicksilver, entre outras tantas. Ofertas de aulas de surfe e aluguel de equipamentos estão por todos os lados, inclusive o hostel em que ficamos (assim como todos os hostels e bares de J-Bay) toda a decoração era voltada para o surfe e havia aulas de surfe disponíveis para se fazer.

Decoração do hostel (até o cachorro é surfista)


Sobre o hostel, escolhemos o African Ubuntu Backpackers. Ficamos em dúvida entre este e o Jeffrey´s Bay Backpackers e, apesar de um pouco mais caro, escolhemos o primeiro pelas melhores avaliações no booking.com. Fomos recebidos por uma galera bem "good vibes", de diversos países (Argentina, França, EUA) todos mochileiros, naquele provável esquema de troca de serviços por hospedagem típico de hostels. De cara a Juju agendou uma aula de surfe para o outro dia com um instrutor que era o típico estereótipo de surfista (cabelo platinado, bronzeado, falando altas gírias e meio ripongo) o que combinava perfeitamente com toda a mística da cidade hehehe. Estava próximo o sonho de surfar numa das praias mais importantes do surfe mundial.

Quanto às acomodações, o hostel dispõe de bastante área comum e cozinha bem equipada e o quarto compartilhado era bem grande e espaçoso, não dá pra reclamar, talvez só seja meio quente no verão pois não tem ar condicionado, mas para novembro estava ótimo (até meio frio, ainda mais que o banheiro ficava numa área externa aberta)! O único problema eram os lockers, feitos de bambu que não fechavam direito e não davam segurança nenhuma, mas segurança parece não ser um problema por lá.

Quarto compartilhado do African Ubuntu Backpackers

O destaque do lugar fica para a varanda junto à área comum, com uma vista "nada mal" para a praia Lower Beach bem em frente e, lógico, uma churrasqueira pra fazer aquele Braai.

Varandinha do Hostel (nada mal hein?)


Descarregadas nossas mochilas, saímos para conhecer o perímetro. O hostel fica a apenas duas quadras da praia Lower Beach, o que seria a praia "de cima" de J-Bay. Ele não fica exatamente no "centrinho" da cidade, onde fica a praia principal e os principais barzinhos e ponto de encontro do pessoal, mas fica numa localização muito boa pois possui uma baita infraestrutura nos seus arredores: dois supermercados gigantes a menos de 100 metros: Checkers e Spars, o restaurante Nina´s, um dos mais famosos da cidade e ao lado de uma outlet gigante da Billabong, local que visitamos diversas vezes durante nossa estadia em J-Bay hehehe. Além disso, o centrinho fica a um pouco menos de 2 quilômetros ao sul, podendo ser alcançado a pé sem grandes problemas.

Primeiro demos uma volta para conhecer a praia de cima. Pelo menos no período que fomos, estava totalmente vazia pois ventava muito, acho que deve ser por isso que tem ondas boas, só víamos os surfistas se arriscando na água geladíssima, parecia um cenário de inverno mesmo, não dava para aguentar muito tempo na beira não.

Brincando na praia


Já se aproximando do fim da tarde, fomos atrás da nossa janta. Antes porém, demos uma passadinha na outlet da Billabong e ficamos embasbacados com os preços das roupas, mas nos aguentamos e deixamos as compras para outra hora hehehe. Como, tirando o Nina´s e alguns fast foods, não há restaurantes acessíveis próximos, resolvemos comprar comida no supermercado para cozinhar no hostel mesmo. Como já mencionado, na Avenida Principal, a "Da Gama" Road (em homenagem ao nosso conhecido navegador português). Há dois supermercados gigantes com uma variedade de produtos igualmente grande.

Café brasileiro faz sucesso!

O resto da noite então ficamos no hostel relaxando na área comum e preparando nossa janta. Dessa vez resolvemos fazer comida "de verdade", compramos arroz carne e demais ingredientes pra fazer um strognoff podre de bom! Além de umas bebidinhas diferentes como a "Savanna" uma espécie de cidra bem popular na África do Sul. Bem docinha, nem parece bebida alcóolica.

Curtindo uma Savanna e cozinha a janta da noite


Mas o dia ainda não tinha acabado! Fomos dormir mas coloquei meu celular para despertar às 3 horas da manhã. O motivo? Naquela noite, 29 de novembro de 2017 (na África já dia 30), estariam jogando Grêmio x Lanús na Argentina pela Final da Libertadores da América, possibilidade do Grêmio conseguir o tão sonhado título de Tri Campeão da América! Por causa do fuso horário, o jogo começaria lá na África às 3 horas. Totalmente solitário então na área comum do hostel, já com as luzes todas apagadas, acompanhei o jogo aos trancos e barrancos por uns sites meio "obscuros" e também pelos comentários dos amigos no whatsapp, acompanhado de umas Black Labels que eu havia guardado especialmente para a ocasião. E eis que já raiando o dia, umas 5 horas da manhã por aí, o sol veio acompanhado do título de Tri Campeão da América para o tricolor gaúcho!!! Muita emoção e vontade de sair gritando na varanda do hostel, mas consegui me conter para não acordar ninguém hehehe.

Tricampeão da América!

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