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  • Foto do escritorAriel Farias

ÁFRICA DO SUL 10º Dia - Passeando pela região das vinícolas da África do Sul (23/11/2017)

Este dia reservamos para fazer a rota dos vinhedos e provar os famosos vinhos da África do Sul.

A região vinícola do cabo fica nos arredores de Cape Town, e dela fazem parte cidades como Stellenbosch (mais famosa e normalmente o ponto de partida dos passeios), Paarl, Franschhoek, entre outras. Nessa região existem infinitas vinícolas, quase todas oferecendo visitas com degustação tanto de vinhos como espumantes e algumas também de queijos, algo bem parecido com o que temos aqui no Rio Grande do Sul, na região vinicultora do qual fazem parte cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha.

A maioria das vinícolas fica em fazendas nas regiões mais afastadas das cidades, sem um transporte público que passe próximo delas, então, como é meio perigoso (e proibido na África do Sul) misturar degustações de vinhos com direção, a forma mais indicada para fazer esse passeio é através de agências de turismo. Até porque as agências levam nos lugares "confirmados", visto a infinidade de vinícolas na região e o tempo que se perderia escolhendo as que se iria visitar. Há também quem se hospede em Stellenbosch e faça o passeio de bicicleta, mas devido às distâncias consideráveis entre uma vinícola e outra, é preciso ser meio "atleta" para conseguir (e resistente à álcool). Para quem não tem muito tempo e quer ter "só um gostinho" de fazer a rota dos vinhos, há também a opção de utilizar o ônibus turístico City Sightseeing que sai da praça Greenmarket no qual uma das linhas passa por algumas vinícolas menores e mais turísticas que ficam na cidade de Cape Town mesmo. Quanto às agências, como esperado, existem dos mais variados preços e tipos de passeio, a maioria saindo de Cape Town e percorrendo umas 4 ou 5 vinícolas. Depois de pesquisar bastante, encontramos uma muito bem avaliada e com um preço muito bom, a Stumble Inn Wine Tour, com ponto de saída de uma guest house de mesmo nome em Stellenbosch, e deixamos reservado o passeio de dia inteiro que passa por 4 vinícolas e almoço incluído, com bastante antecedência por e-mail mesmo (stumble@iafrica.com) por 650 Rands por pessoa, naquele esquema de confiança sul africana, pagando somente lá no dia no balcão.

Com o passeio reservado, só tínhamos que dar um jeito agora de ir até a cidade de Stellenbosch, distante 50 quilômetros da Cidade do Cabo. A grande maioria dos turistas que vai até Stellenbosch ou vai de carro, pernoitando na cidade para poder fazer o passeio (e beber) ou de UBER, visto a distância não tão grande entre as duas cidades. Mas nós vimos no mapa que próximo à Guesthouse ficava uma estação de trem, então fomos pesquisar esta opção na internet. Com muita dificuldade de encontrar informações sobre os trens, achamos finalmente um site bem precário que possuía algo que supostamente seriam as tabelas horárias dos trens que saiam da estação central de Cape Town, este site aqui: https://cttrains.co.za/. Também encontramos informações bem básicas no seat61.com, site que já fiz propaganda várias vezes aqui de que ele é o site mais completo sobre trens do mundo inteiro, que dizia que, diferentemente dos trens suburbanos de Johanesburgo os quais seriam extremamente perigosos e meio que proibidos para turistas, esses de Cape Town os turistas "até que poderiam pegar", tomando algumas precauções, como por exemplo: não pegar o trem à noite, não ostentar objetos de valor e não entrar em vagões vazios. Com essas informações então e descobrindo o preço do trem (20 Rands, muito barato!), estava decidido como iriamos até Stellenbosch.

Cedo da manhã então partimos. Com medo de perder o trem e não confiando muito no site misterioso, saímos cedo e acabamos nem tomando café direito. Sair cedo foi um acerto pois, com as pernas destruídas de descer a Table Mountain no dia anterior, demoramos bastante pra chegar até a Estação, menos de 500 metros do hostel, tendo que parar algumas vezes no caminho de tanta dor nas panturrilhas.

Apesar da estação ser grande, achamos fácil o guichê de venda de bilhetes da Metrorail, mesma companhia dos trens de Johanesburgo e, rapidinho já estávamos na plataforma esperando nosso trem. Realmente, tirando o trem que vai até Simon´s Town que é bem turístico e que vai costeando a baía de False Bay no que dizem ser um passeio muito bonito, nenhum turista pega trens em Cape Town, sendo este um transporte mais utilizado mesmo por pessoas de baixa renda. Tanto a plataforma quanto o trem em si são bem sucateados e fizemos como nas dicas do site seat61, esperamos para ver qual era o vagão que encheu mais e entramos. Na verdade o vagão "menos vazio", pois tinha muita pouca gente pegando o trem naquela hora, em sua maioria estudantes com livros e uniformes escolares estilo ingleses, visto que Stellenbosch possui uma importante e grande universidade, sendo considerada uma cidade universitária do país e atraindo pessoas de diversos lugares para estudar lá, o que faz da cidade e do trajeto até lá bem movimentado todos os dias.

Dentro do trem a situação é ainda mais precária: vagão bem sujo, com as paredes todas pichadas e diversos panfletos colados nas portas com propagandas de serviços bem "questionáveis", com destaque para as de clínicas de aborto que tinham propaganda por todos os cantos. Para completar a situação, numa estação adiante entrou uma mulher com uma criança reclamando que estava apertada e não é que a mulher baixou as calças da criança e fez ela mijar ali dentro do vagão mesmo, próximo a porta, com todo mundo olhando e nem dando bola, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Trem para Stellenbosch

Apesar do cheiro de xixi, sempre digo e volto a afirmar que pegar transportes locais é uma das melhores coisas de uma viagem e o trajeto foi bem tranquilo, em pouco mais de uma hora e milhões de paradas no caminho, já estávamos chegando na charmosa estação de Stellenbosch. A estação de Stellenbosch, assim como praticamente todas no caminho, parece que você foi transportado para o período colonial. Os prédios com certeza devem datar de 1700... 1800 e alguma coisa. Descemos na estação e fomos seguindo os estudantes em direção à charmosíssima cidade de Stellenbosch. No caminho, muitas casas brancas de madeira estilo coloniais, ruas limpíssimas com todo um ar de cidadezinha holandesa do interior (na verdade, parece até uma cidade cenográfica). Seguimos pela Dorp Street, uma das principais ruas da cidade até a Guesthouse Stumble Inn, distante apenas uns 300 metros da estação, já passando por vários pátios e fazendas com parreiras.

Chegamos cedo na Guesthouse, pagamos os 650 Rands por pessoa no guichê de atendimento e ficamos esperando um pouco ainda na área comum. Esta guesthouse parecia bem boa, com uma ótima área comum com sinuca e ping-pong, acho que vale a pena ficar uns dias por lá. Chegada às 10 horas, conhecemos o nosso guia e motorista do dia, o William, primeiro Sul Africano de etnia Africâner que conhecemos na viagem, um cara muito gente boa. Também descobrimos que seriamos os únicos a fazer o passeio neste dia, ou seja, faríamos um passeio privativo. Geralmente não acho legal essa ideia de fazer passeios privativos, mas no fim foi bem legal, pudemos aproveitar bem mais o passeio, conto mais detalhes adiante.

Partimos então de van em direção à primeira vinícola do dia, já vislumbrando belíssimas paisagens da região.

Começando o tour


Fomos conversando com o William, que achou muito legal que tivéssemos ido até lá de trem já que turistas nunca utilizam o trem, o que pra ele era uma pena, e ele nos contou que preferia passeios privativos assim, pois rendiam mais e permitiam flexibilizar o trajeto, porque em grupo ele tem sempre que fazer o passeio previsto ou ter altas discussões com os clientes para não desagradar ninguém. Também contamos da nossa trilha do dia anterior e das dores nas pernas e ele disse que fizemos a escolha certa então de visitar as vinícolas neste dia, pois rapidinho depois de algumas degustações de vinhos não estaríamos sentindo mais dor nenhuma hehe.

E a primeira vinícola do dia foi a Dieu Donné Vineyards, que fica em Franschhoek. Essa vinícola é mais famosa pelos seus champanhes e, justamente por ser ainda de manhã e começar os trabalhos com alguma coisa mais "fraca" que foi escolhida a degustação de champanhes de lá. Chegamos e já fomos direto nos sentar no pátio do local, um gramado numa parte mais elevada com uma vista sensacional para os morros e as parreiras da fazenda.

Vista espetacular da vinícola


Sentamos então numa mesa ali na parte de fora e ficamos apreciando aquela vista maravilhosa enquanto o pessoal nos trazia champanhes.

Que vida ruim...


Como estava um dia espetacular ensolarado, nem preciso dizer o quão prazeroso estava esse momento e arrisco dizer que só ter ido nessa primeira vinícola já estava valendo a pena ter feito esse passeio.

Aliás, como já havia comentado, todas as degustações e o almoço do passeio já estavam incluídos no valor, inclusive enquanto ficávamos degustando vinhos sempre víamos nosso guia pagando o pessoal no balcão lá na hora, além da gasolina. Ficamos nos questionando se afinal eles iam ter algum lucro depois.

Provamos quatro champanhes muito bons e depois, com as dores nas pernas um pouco já "anestesiadas", fomos dar uma volta entre as parreiras da fazenda. O William, vendo nosso amadorismo para tirar fotos decentes, se ofereceu para tirar umas fotos para nós que ficaram bem legais.

Nos parreiras da vinícola Dieu Donné


Já "degustados" de champanhe então, seguimos para a próxima vinícola do tour. A próxima seria a vinícola Fairview, vinícola muito famosa que fica em Paarl, outra cidade bastante importante da região, a uns 30 quilômetros de Stellenbosch.

No caminho, já em Paarl, vimos ao longe em cima de um morro um monumento grande e estranho. Perguntamos pro William o que era e ele entusiasmado com nossa curiosidade, sem revelar do que se tratava, disse que iria nos levar lá depois para conhecermos. Também comentamos que, apesar de gostar de vinhos, principalmente os sul africanos que são sensacionais, éramos mais "beer people". Ele também se entusiasmou e disse então que iria nos levar numa cervejaria muito famosa e que ele gostava muito: a CBC, e que pra ele era uma baita oportunidade de dar uma passada por lá visto que normalmente os turistas nunca querem ir, preferindo ficar só nas vinícolas. No fim ele estava curtindo o passeio tanto quanto a gente hehehe.

A vinícola Fairview é mais "tradicional", digamos assim. Fica numa fazenda que contém um casarão principal bem colonial mesmo, estilo Casa grande, mais parecido com as vinícolas que temos aqui no Rio Grande do Sul.

Vinícola Fairview


Apesar de não ter a mesma vista das montanhas como a vinícola anterior, a propriedade é bem bonita e toda decorada com jardins e fontes.

Bonita propriedade da Fairview


Nesta vinícola a degustação foi de vinhos e queijos (delícia), fazendo o "pareamento" ou "harmonização" entre diferentes tipos de vinhos e queijos.

Harmonizando vinhos e queijos


Também é uma degustação "guiada", com o atendente no balcão apresentando cada vinho e contando a história do mesmo, fabricação e explicando porque ele harmoniza com o queijo tal, um texto pronto que o funcionário coitado deve falar umas quinhentas vezes por dia para cada visitante...

Balcão onde ocorre a degustação na vinícola


Já falei antes que não sou um grande amante de vinhos, mas posso dizer que todos que experimentamos foram sensacionais. Os queijos então, nem se fala! Apesar da pouca quantidade oferecida, foi muito bom. Ainda aproveitamos para comprar alguns, já que os preços eram bem baratos, e ficamos com queijo praticamente para todo o resto da viagem hehe.

Queijos muito baratos!

Depois de degustações em duas vinícolas, agora sim as dores nas pernas tinham sumido completamente. Ainda bem que a próxima parada seria o almoço, se não ia dar ruim o passeio hehehe.

Chegada a hora do almoço, William nos levou então ao monumento no topo da montanha que havíamos vislumbrado da estrada que, oportunamente possuía um restaurante anexo.

Restaurante junto ao Monumento dedicado à Língua Africâner


Trata-se do "Monumento dedicado à Língua Africâner", ou "Afrikaanse Taalmonument" na língua africâner, monumento construído em 1975 em comemoração aos 50 anos do reconhecimento da língua africâner como uma língua independente, separada do holandês. Mas antes de conhecer o monumento, fomos almoçar no restaurante anexo o almoço incluído no valor do passeio, com direito a uma bebida não alcóolica. Cabe aqui fazer um elogio à decoração do restaurante, cheio de plantas com destaque para diversas flores Proteas bem bonitas de vários tipos.

Bonita decoração do restaurante anexo ao monumento


Inclusive vendiam as sementes ali, ficamos loucos de vontade de comprar várias e trazer para o Brasil hehe.

Variadas sementes de Protea para vender

Dos pratos do restaurante, aproveitamos para experimentar pela primeira vez o famoso Bobotie. Este especificamente ali era servido com coco ralado para usar de cobertura, o que não é o original do prato mas é bastante utilizado na região. De acompanhamento uma saladinha, arroz com curry e batatas assadas.

Experimentando o famoso Bobotie


Achei bem "exótico", não necessariamente bom e nem ruim, a mistura de doce com salgado com bastante curry. Ficamos curiosos para comer novamente em um outro restaurante para experimentar uma receita diferente do prato.

Almoçados, subimos então a colina por um caminhozinho bem bonito entre jardins bem floridos e agradáveis para dar uma olhada no monumento em homenagem à língua africâner.

Monumento em homenagem à língua Africanêr

E se entre nossos amigos de Johanesburgo o africâner nem podia ser considerado uma língua, inclusive vale lembrar que somente um ano após a inauguração deste monumento, em 1976, ocorria em resposta à imposição do africâner nas escolas negras o Levante do Soweto, episódio que resultou em centenas de estudantes negros mortos pela polícia do país, aqui, em território Africâner, ela é bem estimada. Ficamos impressionados do orgulho com que o nosso guia William nos falava sobre o monumento: "a união entre as línguas europeias e as africanas", "harmonia entre as diversas etnias que formam a África do Sul" (algo estranho se tratando de uma língua imposta pelos europeus e um dos símbolos do Apartheid). Realmente, brancos e negros vivem em dois mundos completamente diferentes na África do Sul (o que não é muito diferente do Brasil). Uma das placas comemorativas do monumento, poema recitado por Van Wyk Louw, diz o seguinte:

  • Afrikaans é a língua que conecta a Europa Ocidental e a África. . . Ele forma uma ponte entre o grande e brilhante Ocidente e a mágica África. . . E o que pode emergir de sua associação - talvez seja o que o Afrikaans deverá descobrir. Mas o que nunca devemos esquecer é que essa mudança de terreno e paisagem foi, por assim dizer, aguçada, amassada, tricotada, tricotada para a nova linguagem. . . E assim o Afrikaans tornou-se capaz de expressar este novo país. . . Nossa tarefa está no uso que fazemos e faremos desta ferramenta brilhante.

A retórica lembra muito o que foi construído aqui no Brasil com o mito da democracia racial, "país miscigenado", mais um mecanismo de dissimulação e ocultação do racismo estrutural tentando apagar uma histórica de séculos de escravidão dos povos africanos.

Quanto ao monumento, arquitetonicamente falando, este consiste em várias estruturas crescentes de natureza convexa e côncava.

Estruturas que representam as diversas línguas que originaram o Africanêr


São dez pilares quase que como se fossem obeliscos de tamanhos diferentes representando as línguas africanas, três "meia-luas" côncavas representando as línguas europeias (inglês, holandês e francês) e um caminho de pedras representando as línguas asiáticas. Todas essas estruturas convergem num caminho que leva para dentro do monumento, numa espécie de caverna onde fica uma fonte de água que seria o coração da estrutura toda, demonstrando que todas aquelas línguas ali representadas nas esculturas se fundem para formar o Africâner, a união definitiva das várias línguas de três continentes.

Coração da Estrutura

Não se prestamos a aprender nada de Africâner, mas pelo que deu pra ver, trata-se na realidade de um holandês com algumas palavras diferentes... O que não dá pra ignorar é a vista privilegiada do lugar, permitindo até enxergar a Table Mountain bem ao fundo no horizonte.

Bonita vista do monumento à língua Africanêr


Depois da visita ao monumento, agora sim fomos conhecer a tão famosa cervejaria Cape Brewing Co, ou popularmente conhecida como CBC. Não fazíamos ideia, mas essa cervejaria é uma das mais famosas do país e também do mundo em se tratando de cervejas artesanais, sempre ganhando diversas premiações todo ano, inclusive o título de melhor cerveja artesanal do mundo por dois anos consecutivos.

CBC Cervejaria

Ela também fica em Paarl, numa fazenda gigantesca e o lugar onde são realizadas as degustações é também a fábrica (enorme) onde pode-se observar todo o processo de produção das cervejas. Além da degustação dá também para comprar cervejas e ficar tomando ali em mesinhas bem agradáveis ao ar livre junto a uma hortinha, e realmente foi o único dos lugares do passeio onde vimos pessoas locais (e não só turistas) visitando para fazer seu piquenique regado a cervejas.

Bonita parte externa da cervejaria


A degustação também é realizada num balcão de forma "guiada", com um atendente introduzindo as diferentes cervejas e contando sobre sua história, ingredientes e como é fabricada.

Experimentando as cervejas da CBC


O marketing básico da CBC, propagandeado pelos atendentes é que: para eles, cerveja de verdade leva somente 4 ingredientes: água, lúpulo, malte e levedura, e que eles seguem isso à risca, reiterando que cervejarias que utilizam ingredientes a mais do que esses, não podem ser consideradas cervejarias.

únicos 4 ingredientes da verdadeira cerveja

Experimentamos várias cervejas (weiss, ipa, red lager) diretas da torneira, e nem preciso dizer o quão deliciosas eram todas.

Garotos propaganda

Só por isso já estávamos podre de faceiros, mas eis que o William de repente, nos chama entusiasmado para nos apresentar a uma pessoa. E essa pessoa era Wolfgang Koedel, nada mais nada menos que o mestre cervejeiro, o "cara" que transformou a CBC no que ela é hoje, que por acaso estava na fábrica neste dia. Pela felicidade do William e depois lendo um pouco sobre, descobrimos que ele é uma celebridade gigante na África do Sul e entre o mundo cervejeiro (trabalhou muitos anos na Paulaner) mas no dia não fazíamos ideia disso e ficamos tipo: "tá, é o dono da produção da cervejaria, ok." hehehehe. Mas mesmo sendo famosão, o cara foi bastante simpático e atencioso, disse que quando ficou sabendo que tinham brasileiros visitando a cervejaria, queria nos conhecer. Nos levou para dar uma volta dentro das áreas de produção, onde não é permitido entrar visitantes. Nos mostrou como funciona toda a produção das cervejas, os tonéis, a refrigeração, etc.

Aprendendo como se faz cerveja


De quebra, nos contou que estava trabalhando na produção de uma nova cerveja e que nós dois seríamos as primeiras pessoas no mundo a experimentar, que honra!! Ele serviu então os copos direto do cano da saída da cerveja, e tomamos então a tal da nova cerveja que tinha um gostinho meio que de tangerina, junto com um dos caras mais famosos do mundo da cerveja (não é sempre hein?), jamais vamos esquecer (principalmente das cervejas hehehe). Tiramos umas fotos para registrar o momento e nos despedimos agradecendo muito o seu Wolfgang.

Tomando uma cervejinha com Wolfgang Koedel, um dos maiores cervejeiros do mundo!

O nosso guia William ainda estava incrédulo e muito entusiasmado pelo acontecimento. Disse que era muito raro ele aparecer na cervejaria, visto que esta sempre viajando o mundo estudando sobre cerveja e divulgando a CBC, e menos ainda parar para conversar com os visitantes. No carro depois só ouvíamos ele repetir diversas vezes falando alto: "Que grande dia! Que grande dia!" hehehehe.

Depois de tantos acontecimentos, restava ainda no "pacote" mais uma vinícola para visitar, e a escolhida foi a Warwick Wine State, essa localizada em Stellenbosch mesmo. Confesso que depois de visitar tantos lugares incríveis, essa última ficou meio "ofuscada", mas é igualmente belíssimo o local e possui vinhos igualmente deliciosos.

Warwick Wine Club


Essa vinícola é mais refinada, com vinhos mais "chiques" e mais caros, mas como só iríamos degustar mesmo, para nós não fazia diferença hehehe. Das que visitamos é a que menos produz vinhos em questão de quantidade, pois dizem que as uvas são muito bem selecionadas, utilizando-se somente as melhores para a produção. Realmente em questão de tamanho, foi a menor de todas mesmo. Dessa vez degustamos tanto espumantes como vinhos numa varandinha show de bola em frente à vinícola.

Se achando os sommeliers


De frente para essa varanda fica uma graminha na beira de um laguinho extremamente convidativa para sentar e passar uma tarde fazendo um piquenique regado a vinhos.

A propriedade da Winewick é belíssima

Já em clima de fim de passeio, ficamos ali na varanda conversando com o William o tempinho que nos restava. Sabendo que seria uma correria para pegar o último trem para Cape Town, aproveitamos para nos despedir dele ali mesmo e agradecer imensamente pelo dia espetacular na região vinicultora da África do Sul.

Nosso guia e motorista do dia, William

Havíamos lido alguma informação na estação que parecia dizer que o último trem partia de Stellenbosch às 18h, mas como não dá pra confiar muito nos horários dos transportes sul-africanos, terminamos as degustações dos vinhos e já fomos indo. Chegamos na agência onde seria o fim da linha do passeio já perto das 18h. O William então, devido ao horário avançado, resolveu nos levar de van até a estação e deu uma acelerada para que chegássemos a tempo. Quando paramos na sinaleira mais próxima da estação, vimos que estava vindo um trem e descemos correndo, conseguindo chegar na estação a tempo de pegá-lo (ainda bem que graças aos vinhos e cervejas a dor nas pernas já tinha passado hehe). No fim nem soubemos se era o último trem ou não já que ainda ficou bastante gente na estação esperando.

Esse trem da volta, apesar de não estar lotado, veio bem mais cheio que o da manhã, maioria o pessoal que trabalha nas vinícolas e na universidade, além de estudantes voltando para casa.

No trem, voltando, com aquelas carinhas de cansados...


A Juliana até fez um "amigo" no trem, um carinha que ficou bem entusiasmado e curioso de ver turistas no trem que veio conversar com ela, contando que fazia aquele trajeto de mais de uma hora todos os dias para ir e voltar para o trabalho.

De volta à Cape Town finalmente, apesar de cansados e satisfeitos, só tínhamos mais duas noites na cidade, então não iriamos deixar passar de novo a oportunidade de conhecer a noite na Long Street. Tomamos um banho então e fomos dar uma volta para ver como era a noite na zona considerada a mais boêmia da Cidade do Cabo.

A Long Street é bem legal, possui praticamente um bar do lado do outro, muitos em prédios coloniais de madeira conservados bem estilosos mas, não sei se porque estava meio friozinho na noite essa época ou devido a que na África do Sul é proibido consumir bebidas na rua mas é bem diferente do que nós brasileiros consideramos como uma rua boêmia, com as calçadas lotadas de gente conversando e curtindo e onde o barato é pegar um latão e sair caminhando por aí (bem o nosso estilo).

Long Street


Na Long Street não, as ruas ficam bem desertas e a curtição acontece dentro dos bares e pubs o que dá até um certo ar de insegurança para caminhar a esmo pela região. Volta e meia se andávamos muito devagar curtindo o local, vinha algum carinha suspeito falar ou oferecer alguma coisa para nós. Não sei o que era porque se fazíamos de surdo e nem dávamos papo.

Paralela à Long Street, outra rua cheia de opção de bares e que é considerada a "Long Street para adultos" é a Bree Street. Para adultos não porque tem aqueles lugares que você está pensando, mas sim porque tem bares que tocam jazz e outros mais elitizados, que recebem uma clientela mais velha mesmo.

Fomos até o fim da rua e voltamos, dando uma olhada nos estabelecimentos e escolhendo algum lugar para comer e tomar uma cerveja. Um dos restaurantes que todos recomendam que tem por ali é o Mama Africa, que serve comida etíope, mas fomos conferir e o preço era um pouco acima dos nossos padrões, então guardamos para comer comida etíope quando formos para a Etiópia mesmo hehe.

Acabamos então optando por um restaurante indiano que servia também comida chinesa: o Bollywood Café, comida barata e farta e de quebra matar a saudade dos restaurantes indianos da Tailândia.

Bollywood Cafe. Recomendo!


E quando digo farta, é farta mesmo! Comemos um yakissoba e um Chicken Biryani servido com pão que acho que daria para alimentar umas quatro pessoas!

Yakissoba e Chicken Biryani (porções imensas)


Satisfeitos (e empanturrados) e sem vontade de gastar muito entrando em pubs, se recolhemos para o hostel, bem atentos é claro, visto que já era tarde da noite e também lembrando da tentativa de assalto no dia da chegada na frente do hostel. Mas chegamos bem.

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