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  • Foto do escritorAriel Farias

ÁFRICA DO SUL 6º Dia - Começando nossa jornada rumo à Cape Town (19/11/2017)

Neste dia começaríamos nossa jornada rumo à Cape Town, ou Cidade do Cabo, em português. Optamos por fazer o trajeto Joburg-Cape Town de trem, atravessando praticamente todo o país num trajeto de 28 horas, chegando na Cidade do Cabo somente no outro dia às 15h30 (pelo menos era o planejado). Sempre que possível (e o preço é razoável), preferimos fazer trajetos de trem em nossas viagens. Viajar de trem é sempre muito bom e na África do Sul havíamos ouvido falar muito bem dos trens de longa distância entre cidades, conhecido por Shosholoza Meyl, que além de confortáveis, permitem presenciar paisagens de savanas únicas, montanhas com os famosos vinhedos sul africanos e às vezes até avistar alguns animais selvagens pelo caminho. Neste trajeto que íamos fazer há ainda o Blue Train, um trem de luxo com tudo incluído (bebidas, comidas, festas, etc), uma espécie de cruzeiro sobre trilhos caríssimo, que inclusive exige código de vestimenta para ocasiões de luxo.

Pela manhã nos despedimos e agradecemos imensamente a hospitalidade do pessoal do Urban Backpackers e seguimos para a Park Station pegar nosso trem. A estação fica a 30 minutos do hostel a pé e esse tinha sido um dos motivos de termos escolhido este hostel, mas, pra variar, o pessoal do hostel nos meteu um pavor dizendo que não éramos para andarmos a pé em volta da Park Station e que se nós não chamássemos um Uber eles mesmos iam chamar e nos meter dentro. Mas nesse caso especificamente foi difícil discordar deles, visto que 10 em cada 10 mochileiros que ousaram se aventurar pelos arredores da Park Station (dos que relataram em seus blogs) foram assaltados ou sofreram tentativa de assalto por lá, sendo o entorno da estação, principalmente o lado leste onde ficam os taxi ranks, considerado o lugar mais perigoso da cidade para turistas. Antes do Uber chegar porém, fomos procurar algum lugar para comprar alguma comida pra levar no trem, mas só achamos um mercadinho de indianos dobrando a esquina que não tinha nada que prestasse. Conseguimos só comprar uma água e umas bolachinhas de hortelã que, de tão exóticas acabamos levando de recordação pro Brasil. Chegando o Uber, em menos de 10 minutos já estávamos na Park Station.

Como já mencionado antes, a estação é enorme, bastante movimentada mas bastante organizada, lembrando mais um aeroporto do que uma estação de trem. Tivemos que caminhar bastante até encontrarmos o guichê da Shosholoza para retirar nossas passagens. Compramos as passagens com antecedência pelo site da agência Southafricanrailways, meio que o site oficial de venda de passagens online dos trens na África do Sul. Dizem ser possível reservar os tickets diretamente entrando em contato com a companhia, mas não a venda propriamente dita como neste site. Pagamos na época, 1380 Rands as duas passagens na classe turística, valor que estranhamente é o mesmo até hoje, além de 40 Rands a mais da taxa de reserva pela agência. Efetuada a compra, eles te mandam um voucher por e-mail que você tem que trocar pelas passagens lá na Park Station no guichê da Shosholoza Meyl, o que, no dia que fomos, apesar de ter pouca gente na fila, foi bem demoradinho já que eles fazem uma conferência de documentos e bagagens bem "chatinha".

Com o ticket em mãos, descemos para a plataforma de trens, que fica no subsolo da estação, num lugar diferente e afastado das plataformas do metrorail, o trem suburbano. O terminal onde se pega o trem é bem "sinistro", estava totalmente vazio quando fomos e ainda nos informaram o número errado da plataforma.

Esperando o trem e já comendo as bolachinhas "exóticas"


Para nossa sorte só havia um trem embarcando nesse horário então não teve erro. Mesmo assim perguntamos para uns 5 passageiros se eles também estavam indo em direção à Cape Town para confirmar (ou pelo menos pra não pegar o trem errado sozinhos hehe).

Já o trem era muito confortável! Os vagões turísticos tratam-se de cabines individuais de 2 ou 4 poltronas que se transformam em camas, bem espaçosos e privativos, com tranca por dentro e tudo. Se a viagem fosse durar uns 5 dias, não nos importaríamos nem um pouco hehehe. Pelo que lemos, funciona da seguinte maneira: se você compra um ticket individual, você vai numa cabine quádrupla coletiva com pessoas do mesmo sexo que você. Se você compra dois tickets na mesma compra, se forem pessoas do mesmo sexo, vão numa mesma cabine dupla, se for um casal, viajam sozinhos na cabine quádrupla (que foi o nosso caso).

Nossa cabine no Shosholoza Meiyl. Muito confortável!


Ah! Os lençóis e travesseiros paga-se à parte na hora e os funcionários do trem preparam a cama para você à noite. Dizem também que existem vagões "simples" só com cadeiras, tipo ônibus ou avião, mas não vimos esses no trem e nem a opção para comprar esse tipo de bilhete no site.

Acomodados então, meio-dia e meia partiu o trem rumo à Cape Town.

Começando a viagem. Estes trens amarelos são os trens suburbanos metrorail

No começo do trajeto, nos subúrbios de Joahensburgo à oeste, muitas favelas e conjuntos habitacionais na paisagem.

Subúrbio de Johanesburgo


O trem anda muiiiito devagar, e ainda por cima é "pinga-pinga", ou seja, para em quase todas as cidades pelo caminho, o que é legal pois permite conhecer, pelo menos superficialmente, muitos lugares diferentes. Já passava de duas horas de viagem e ainda estávamos na zona metropolitana de Johanesburgo, o que nos fez questionar se ele realmente demoraria só 28 horas para chegar do outro lado do país, em Cape Town (dúvida que no fim foi acertada, mas por outros motivos). Nesta primeira metade do trajeto, maioria das cidades com nomes holandeses: Krugersdorp, Oberholzer, Potchefstroom, herança dos boêres, colonizadores holandeses na região.

Aproveitamos então para almoçar no vagão restaurante, já que, mochileiros de apartamento, não tínhamos nos planejado direito e trazido comida para a viagem. Passando pelas outras cabines, várias famílias altamente equipadas com comida pra viagem inteira, fazendo altos rangos, que inveja! No entanto, foi o primeiro trem que pegamos que possuía um vagão restaurante e foi bem legal, e o melhor: os preços não eram tão exorbitantes, pouca coisa mais cara que os preços na cidade e pra nós brasileiros, bem normal: latão de cerveja de 500ml, 17 Rands, na época, um pouco mais de 4 reais. A Juju pediu um sanduíche de carne com fritas e eu um prato com carne, salada e fritas, muito bom!

Vagão restaurante


Já passava das 16h da tarde quando o trem parou na cidade de Klerksdorp, a apenas 170 km de Johanesburgo! Estranhamos a parada prolongada quando de repente o "gerente" do trem veio nos avisar que mais à frente havia algum problema ou manutenção nos trilhos e que por isso a viagem iria atrasar algumas horas, a previsão era de duas. Sendo assim, pegamos umas Black Labels no vagão restaurante e descemos na charmosinha estação de Klerksdorp pra esticar as pernas e aguardar.

Charmosa estação de Klerksdorp


Nisso um tiozinho que estava viajando também e que parecia que já tinha feito aquele trajeto algumas vezes, chegou pra nós e disse: "torçam para que tenham bastante dessas (se referindo à cerveja) no trem, porque da última vez demorou 12 horas para arrumarem os trilhos". Torcemos que não fosse o mesmo caso dessa vez, mas de qualquer forma e pela própria lerdeza do trem já estávamos cientes de que iriamos perder o dia seguinte inteiro em trânsito.

Como o tiozinho previu, passou-se uma, duas, três horas e algumas Black Labels depois e nada. Pelo menos assistimos um belíssimo pôr-do-sol da estação, ironicamente o pôr-do-sol mais bonito que presenciamos na África do Sul.

O pôr-do-sol mais bonito da viagem, presenciamos numa estação de trem


Chegada à noite, o gerente do trem fez um levantamento de quantos topariam continuar a viagem num ônibus fretado pela companhia ao invés de esperar o conserto dos trilhos, mas nós, assim como a maioria dos passageiros preferiu aguardar, afinal, se fossemos passar a noite seria muito melhor na nossa cabine de trem confotável do que numa poltrona de ônibus.

Já passava das 23h quando, ainda parados em Klerksdorp, fomos dormir. De madrugada acordamos com o barulho do trem andando! Pensamos: "Uhu! Consertaram os trilhos e agora vai!" e voltamos a dormir com o embalinho do trem, mal sabíamos que novamente seria só por pouco tempo...

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