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  • Foto do escritorAriel Farias

SUDESTE ASIÁTICO 18º Dia - Explorando a ilha de Hong Kong (21/11/2016)

O nosso quarto era composto de triliches, sendo que o colchão mais de baixo ficava literalmente no chão, com o ar condicionado voltado praticamente todo para esta cama mais de baixo, e foi justamente ali que a Juju dormiu. Não deu outra, acordou com a garganta destruída, com dor de cabeça e princípio de febre (logo se lembramos do cartaz do aeroporto que dizia que pessoas com sintoma de gripe teriam que se apresentar para a quarentena). Ela tomou então um bom banho, se entupiu de remédios pra gripe e partimos pra rua explorar.

Nossa ideia era ir hoje mesmo ao The Peak (o ponto mais turístico de Hong Kong, o equivalente mais ou menos ao Cristo Redentor no Rio), mas com o tempo nublado, resolvemos deixar para outro dia. Ao invés disso, fomos conhecer a "escalator", a maior escada rolante urbana do mundo. Aliás, por falar em tempo ruim, só pegamos dias nublados e com chuva em Hong Kong, bastante friozinho estava essa época lá por sinal.

Fomos seguindo então a Nathan Road em direção à estação de ferrys para atravessar a península em direção à ilha de hong kong, não sem antes parar num 7 Eleven para tomar o nosso café da manhã. Pegamos um fish ball noodles, um noodles com umas bolas tipo almondegas de peixe, bem típico dessa região (e bem ruim, que saudades do 7 Eleven da Tailândia...).

Uns 20 minutinhos caminhando, chegamos no pier. Os ferrys públicos de Hong Kong, denominados de "Star Ferrys", companhia que opera os ferrys desde 1888, são uma atração a parte, pois preservam o mesmo estilo histórico colonial, inclusive suas duas principais estações, no porto em Kowloon (Tsim Sha Tsui) e em Hong Kong (Central Pier) também se localizam em prédios históricos conservados.

Os clássicos Star Ferries


Mesmo que hoje o trajeto entre as ilhas seja feito pela maioria dos honcongueses tanto em rodovia quanto por metrô suboceânicos, o trajeto de barco ainda é tradicionalmente mantido, sendo hoje a forma mais barata (e agradável) de travessia na baía vitória (a baía que separa Kowloon e Hong Kong), ao custo de 2,20 HK Dollars em dias de semana (1,10 reais na época).

Infelizmente o trajeto é curto, e logo chegamos ao Central Pier em Hong Kong.

Prédio histórico do Central Pier de Hong Kong

Quando se "desce" na estação, funciona como a maioria das saídas de estações de metrô de toda a cidade, você sai normalmente dentro de um shopping, que se liga a outros shoppings por passarelas.

Passarelas que transportam os pedestres por praticamente todo o centro da ilha de Hong Kong: detalhe para os bondinhos bem clássicos estilo inglês, a roda gigante clássica que toda a cidade turística faz questão de sempre ter e a Juju fazendo não sei o que...


E não é qualquer shoppinzinho, é tudo uns shoppings ostentação, cheios de badulaques e decorações ostensivas. Você pode andar por horas e por vários prédios diferentes sem encostar na rua, só atravessando passarelas e passagens subterrâneas.

Olha o "naipe" dos shoppings (e esse é um dos simplesinhos)

Dito isso, sabíamos que o começo da Escalator era na saída de um shopping grande por ali, o IFC Shopping Mall, e foi um pouco complicadinho de achar por causa de todas as passarelas e interligações entre os prédios, mas enfim, achamos, sendo que como já mencionado, saindo da estação de ferrys e adentrando nos shoppings através de passarelas, chegamos lá sem passar por nenhuma rua.

Início das Escalators

A Escalator é a maior escada rolante urbana do mundo. Ela foi construída devido ao terreno da ilha de Hong Kong ser muito acidentado, permitindo dessa forma que as pessoas que moram lá nas partes mais altas da ilha acessem a zona central (que fica embaixo) ou o píer para Kowloon) de um jeito rápido e prático.

Essa escada rolante tem uma extensão de 800 metros e atinge uma elevação de 135 metros, sendo considerada pelo Guinness a maior escada rolante urbana do mundo.

Mas ela não possui um lado para subir e outro para descer, ela funciona da seguinte forma: até às 10 horas da manhã ela desce, permitindo ao pessoal que mora "no morro" descer para ir trabalhar. A partir desse horário então, ela só sobe. Nós chegamos depois das 10 horas justamente para usá-la para subir.

Esperando ela mudar pro modo "subida"

Pode parecer uma besteira se prestar a ir para um lugar usar uma escada rolante só para passear (me lembrou quando surgiram as primeiras escadas rolantes aqui em Porto Alegre e o pessoal corria pro shopping pra andar), mas nós que não temos nada parecido aqui no Brasil, nos divertimos à beça, subindo e acompanhando as mudanças na paisagem das ruas de Hong Kong.

A medida que se sobe, a paisagem vai mudando

A escada na verdade não é uma peça única, ela é um conjunto de várias escadas que se interligam em certas ruas como se fosse uma estação para entrada/saída nela, permitindo sua ligação com as principais ruas da ilha. Nós paramos em vários pontos para dar uma volta ao redor dessas ruas em que se localizavam as intersecções.

Conhecendo as ruas da ilha de Hong Kong


Numa dessas paradas, adentramos num mercadinho para pegar uma cervejinha. Como não sabíamos se era proibido tomar cerveja na rua, tivemos a brilhante ideia de passar antes no Starbucks pegar um canecão de café e usá-lo para "disfarçar" nossa latinha de ceva.

Tomando um cafézinho singelo e depois usando o copinho com uma latinha de Tsingtao Beer dentro


Continuamos subindo as escadas rolantes e numa das "paradas" mais uma coisa legal: para incentivar o pessoal a usar a escadaria e não poluir, existe um totem onde você pode passar o seu Octupus Card e ganhar créditos para usar no metrô e ônibus, uma mixaria, acho que era 1 HK Dólar só, mas vale a intenção.

Chegando ao fim da escadaria, já à 135 metros acima, descansamos um pouco e começamos a descida, agora utilizando as escadarias normais (não rolantes). Na descida também, fomos curtindo as ruas da ilha sem pressa.

Hora de descer

Numa dessas paradas, observamos uma movimentação diferente numa rua. Parecia estar tendo uma feira ou ocorrendo alguma festa, com bastante gente aglomerada e um tiozinho num auto-falante gritando alguma coisa em chinês. Obviamente fomos conferir: se tratava de alguma comemoração referente ao ano do porco (que estava acontecendo naquele ano), ocorrendo num espaço entre um mercado de frutas e uns açougues, com uma decoração bem bonita chinesa incluindo aqueles dragões dançantes que várias pessoas em trenzinho carregam como se fosse um fantoche. Se "infiltramos" no meio dos locais para participar da festa e acabamos ganhando bolo, carne de porco e cerveja, tudo de grátis, oferecido gentilmente pelo pessoal que tava ali na festa na maior felicidade por ver turistas por ali, bem legal.

Gremista tentando se enturmar no meio dos honconguenses e a Juju comemorando o ano do porco com sua cervejinha grátis


Chegando "no nível do mar", seguimos em direção a nossa próxima parada, o Hong Kong Park. Dá pra chegar lá do mesmo jeito que chegamos do píer ao escalator, por meio de shoppings e passarelas, mas resolvemos seguir pela rua mesmo pra conhecer. No caminho passamos pelo coração financeiro de Hong Kong, tipo a Wall Street deles, onde se localiza o luxuoso prédio da bolsa de valores de HK. Inclusive com a sua própria versão do touro de Wall Street, sendo que aqui é um Leão meio sem graça.

Leão da "Wall Street" de Hong Kong


Outro prédio que fiquei muito vidrado é um que parece um transformers (o Lippo Center), que não consegui descobrir do que se tratava. Também passamos pelo prédio do Banco Chinês que, com suas formas triangulares, é um dos prédios mais icônicos de Hong Kong e talvez um dos mais antigos da ilha (dentre os arranha-céus exóticos).

Lippo Center, Prédio do Banco Chinês e Prédio do HSBC (onde foi filmado o filme do Batman Dark Knight do Nolan)


Chegando no parque, fomos primeiro numa atração que fica lá que achamos que seria bem legal de conhecer (e foi), o Museu do Chá, ou Flagstaff House Museum of Tea, que fica num dos cantos do parque num prédio bastante histórico.

Museu do Chá

Esse museu, que se não me engano possuía entrada grátis mas infelizmente não se podia tirar fotos dentro, é genial! Conta toda a história do chá na China transpassando as diversas dinastias que reinaram no país e como cada uma dessas influenciou na bebida e na cerimônia do chá, fazendo uma relação bem legal da história do país contada através do chá. Possui diversas cerâmicas originais utilizadas pelos dinastas chineses e vídeos onde aprendi como se faz a cerimônia do chá. Fiquei muito a fim de comprar algum jogo de chá lá que tinha preços bem em conta, uns em formato de dragão, de flor-de-lótus, muito bonitos, mas como não ia caber nas nossas mochilas, deixei pra comprar pelo Ali Express mesmo quando voltamos pra Porto Alegre hehehe.

Saindo do museu, bem do lado, observamos uns senhores chineses caminhando com "cara de dor" numa espécie de cercadinho. Quando chegamos perto para ver o que tinha ali dentro, era um piso cheio de pedras de vários tipos e tamanhos utilizado por eles para massagear e estimular a circulação dos pés, muito interessante! Quando chegamos ali o tiozinho falou pra nós: "tire os sapatos! Massagem!". Pois bem, tiramos o sapato e experimentamos a "massagem" ali enquanto os tiozinhos riam de nós e realmente, é bem dolorido caminhar naquelas pedras, mas se ajuda mesmo a estimular a circulação dos pés, tá valendo.

"Massageando" os pés


Enfim fomos conhecer o parque. O típico parque urbano é bem bonito, pequeno mas com bastante coisa para se ver e consegue ser ainda mais "extravagante" que o Kowloon Park.

Entrada do Hong Kong Park


Bem na entrada, fica o local de embarque para o "peak tram", o trenzinho que leva ao The Peak, bem parecido com o bondinho do Rio de Janeiro que leva ao Cristo Redentor, mas deixamos para subir lá noutro dia devido ao céu, que estava muito nublado e não ia dar pra ter uma visibilidade boa lá de cima.

Um pouquinho mais pra frente já topamos com uma das várias fontes e espelhos d´água do parque, uma que é muito legal imitando um "coreto" que jorra água de seu teto por todos os lados e você pode inclusive entrar embaixo dela.


Mais para dentro do parque um lago artificial com uma cachoeira e com um monte de peixes, aves e tartarugas, inclusive tinha umas fugindo do lago e se arriscando no meio das passagens de pedestres.

Belíssimo lago com cachoeira artificial no Hong Kong Park


Mas o que mais nos embasbacou (além dos banheiros públicos gratuitos e limpíssimos) dentro do parque foi o aviário enorme que tem lá dentro, que concentra centenas de espécies de aves dos mais variados tipos, todas livres dentro da redoma, interagindo com os visitantes.

"Proibido jogar objetos estrangeiros no vaso". Se for objeto chinês então pode?

O aviário é realmente enorme e muito bem estruturado. E o mais surpreendente: grátis!

O Edward Youde Aviary, nome em homenagem ao governador de Hong Kong entre 1982 e 1986, possui 600 exemplares de aves representando 80 espécies e foi inaugurado em 1992.

Além de aves, o aviário ainda possui outras espécies animais como alguns roedores que ficam na parte lá do solo e podem ser observados das passarelas por onde se transita. Para nós parecia um monte de ratos correndo no meio do mato, meio nojento.

Aviário Edward Youde


Depois da visita ao aviário seguimos pelos caminhos arborizados do parque, que pareciam até trilhas no meio do mato, a gente até se esquece que está numa cidade altamente urbanizada e caótica.

Trilhas bastante arborizadas dentro do parque


Antes de ir embora passamos ainda num jardim zen que tem dentro do parque que havíamos lido que é bastante utilizado pelos moradores para a prática de meditação e Tai-Chi-Chuan. Um jardim muito bonito com fontes d´água muito bem cuidados e com aquele barulhinho relaxante da água caindo. Conta também com um mirante que se podia subir para ter uma vista privilegiada do parque, mas não subimos porque eram muitos degraus e a essa altura a gente já tava morto de cansado (e com fome).

Jardim Zen onde os locais vão para praticar Tai-Chi-Chuan e meditar


Ali do lado havia também um complexo esportivo ultramoderno que estava fechado, mas parecia um negócio olímpico oficial (inclusive com o símbolo das olimpíadas). Será que Hong Kong planeja sediar as Olimpíadas num futuro próximo?

Complexo "Olímpico" surreal...

Era cedo ainda da tarde, então resolvemos aproveitar para ir visitar nesse dia mesmo o Kowloon Walled City Park, mais uma das atrações que estávamos muito ansiosos para conhecer!

Kowloon Walled City foi um conjunto residencial criado por exilados chineses após a ocupação inglesa na ilha em 1898, onde estes, fugindo da dominação inglesa, se instalaram numa antiga base militar chinesa onde o governo inglês não possuía jurisdição.

A população nesse local foi crescendo e com ela as construções altamente irregulares, se tornando uma favela vertical com prédios feitos sem nenhum planejamento ou conhecimento de engenharia chegando nos anos 1960 a ser considerado o conjunto habitacional com a maior densidade demográfica do mundo (com 3 ou 4 famílias dividindo apartamentos minúsculos). Como um lugar sem intervenção do Estado, foi dominado pouco a pouco pelas "tríades", se tornando um antro de drogas, prostituição, jogos e comércios ilegais de todo o tipo (inclusive dizem que era famoso pela quantidade de dentistas sem licença que realizavam operações ali dentro).

Apesar de tudo, ex moradores dizem que viveram muito felizes lá e contam diversas histórias de como ali dentro existia um mundo próprio e que contribuíram para este se tornar um lugar mítico. Inclusive foi filmado um filme do Van Damme aqui, o Bloodsport, em 1988, onde o personagem vivido pelo ator adentra a Kowloon Walled City para disputar um torneio de luta secreto, o "Kumite" (baita filme!).

A história da Kowloon Walled City e das pessoas que viveram lá é fantástica! Foram feitos muitos estudos e documentários sobre essa "experiência antropológica" que aconteceu em Hong Kong, deixo aqui dois links para quem quiser conhecer mais sobre, um resumo do documentário que foi feito sobre a cidade e outro um artigo muito bom publicado no site de arquitetura Archdaily:

Em 1984, o governo britânico, juntamente com o chinês, começou a considerar como intolerável a existência de um lugar assim, tanto pelos crimes cometidos lá como os perigos sanitários para a população lá existente (tanto de falta de tratamento de esgoto como a falta de sol, que se tornou inexistente lá dentro), bem como o perigo de desmoronamento das construções, e começou um polêmico e controverso processo de evacuação, que encontrou forte resistência, sendo concluído somente em 1992. Em 1993 iniciou-se a construção de um parque no local, o Kowloon Walled City Park, que foi inaugurado em 1995 (só dois anos pra fazer um parque!!), com diversas referências a antiga cidadela e inclusive mantendo algumas das construções originais, como as placas de entrada do antigo forte e o antigo templo que ficava no centro da favela (que com tantas construções feitas em cima nem se sabia mais que havia um templo ali!) que foi transformado num mini museu contando a história da Kowloon Walled City.

Feito esse breve resumo do local, pegamos o metrô na estação Admiralty, a mais próxima do Hong Kong Park e seguimos até a Estação Lok Fu, que não fica exatamente perto do Kowloon Walled City Park, mas é a estação mais próxima (mais de um kilometro do parque), o que foi bom porque pudemos conhecer um bairro diferente da cidade, mais residencial (mas nem por isso menos movimentado).

Caminho para o Kowloon Walled City Park: pessoal seguindo à risca a placa de trânsito


No caminho vimos uma tendinha vendendo alguma coisa de comer cheia de piazada comprando e pensamos: se tá cheio de locais comendo é porque deve ser bom né? Paramos então para "almoçar". O tio da banca vendia somente um espetinho de bolinhos com carne de porco, a tal de pork balls, que já havíamos visto na Tailândia mas ainda não tínhamos provado (não tem nada de mais, parece uns bolinhos fritos de farinha).

Chegamos então a um parque enorme e pensávamos que era ali mesmo o lugar que estávamos procurando, mas não vimos nada que remetesse à Kowloon Walled City. Confesso que foi meio difícil até descobrir que o parque ficava na verdade dentro deste parque grande, como se fosse um pedaço deste. Por toda sua história, eu pensava que fosse um local mais turístico, mas não, eramos os poucos turistas ali e também não haviam muitas sinalizações indicando o local. Mas pra mim, que havia pesquisado muito sobre esse lugar e não esperava a hora de conhecer, foi bem emocionante.

Entrada do Kowloon Walled City Park

Na entrada já havia uma maquete da antiga Kowloon Walled City, ao lado de uma fundação conservada de um dos vários prédios do local e a placa de entrada do forte, que se manteve durante toda a existência do conjunto habitacional.

Maquete da grande favela e restos arqueológicos preservados do antigo forte, incluindo a placa de entrada que foi mantida durante toda a "vida" do complexo


O parque é muito ajeitadinho, todo em estilo chinês com vários templinhos e jardins com espelhos d´água impecáveis, fiquei imaginando como conseguiram fazer tudo isso em apenas 2 anos (os chineses são loucos)!

"Templinhos" dentro do parque


Bem no meio do parque fica um pequeno museu contando a história da Kowloon Walled City, numa das poucas edificações que foram mantidas do lugar: um templo que existia dentro da cidadela mas que havia sido totalmente tomado por construções irregulares em sua volta, quase desaparecendo (quem pesquisar fotos dele no google à época vai ver que era assustador).

Mini museu dentro do parque, rodeado por uma coleção de bonsais


Neste mini museu além de mais umas maquetes dos vários períodos e das várias transformações que ocorreram no local desde que era um forte militar, há também videos passando relatos de ex-moradores sobre a cidade e sobre a sua demolição.

Exposição dentro do museu


Também ali você pode entrar em salas fechadas que simulam como se você estivesse dentro da Walled City há época de sua "explosão demográfica". Numa delas você é transportado para uma das ruas da cidade, um lugar onde a luz solar não chegava nunca devido ao amontoado de prédios irregulares, cheio de ligações elétricas e encanamentos feitos de forma amadora. Aliás, um dos problemas de saúde mais comuns dos moradores era justamente o fato de nunca tomarem sol, muitos sofreram por doenças ligadas a esta falta, ficando o conjunto habitacional conhecido também como "cidade das sombras".

Dentro das ruas da Kowloon Walled City


Posso dizer que essas salas eram bem realistas (claustrofóbicas, escuras e fedorentas) e ali você sentia bem como devia ser a vida desses moradores nos anos de 1960 a a final de 1980.

Espaços onde a população trabalhava e usufruía (olha onde as crianças brincavam)


Não sei como realmente ocorreu a realocação dessas famílias e pra onde elas foram, tudo indica que foi feita de forma bastante forçada e desrespeitosa. Também não sei se houve um processo de gentrificação da região, mas de todo modo é interessante observar como o "problema" foi tratado pelo governo britânico e chinês: a construção de um parque muito bonito mas que manteve de algum modo as memórias dos que viveram ali de forma tão intensa.

Chegando à noite, foi aí que as ruas e o parque começaram a ganhar vida: bastante gente chegando para correr, caminhar, crianças saindo das escolas vindo passear, gente levando o cachorro pra sair, etc. Aliás, dentro do parque maior que fica ali havia um complexo esportivo enorme, parecia um negócio pra esportistas profissionais, mas acredito que seja só "um parquinho" pra eles.

Caindo a noite, o parque começa a ficar mais cheio

Paramos um pouco pra descansar numas arquibancadas que haviam ali e ficamos observando um treino de futebol que estava tendo numa das quadras esportivas, mas não ficamos muito porque a gurizada jogava muito mal, dava vontade até de ir lá pedir pra jogar hehehe.

Curtindo uma "pelada" honconguense


O dia ainda não havia terminado. Ainda tínhamos mais um local para visitar neste dia, o Ladies Market (que apesar do nome, não é um mercado só pra mulheres), considerado um dos maiores, senão o maior mercado noturno de rua de Hong Kong, então tomamos o caminho de volta ao metrô e seguimos para lá.

Chegando lá, mais um mercado asiático (que é muito legal), que vendem de tudo que é possível e imaginável (tudo de procedência duvidosa, mas de ótima qualidade), sempre naquele esquema de pechinchar por tudo. O mercado é praticamente idêntico ao Temple Street Night Market que tínhamos ido no dia anterior, porém bem maior.

Ladies Market


Diferente deste também, não havia barracas de comida, mas na rua em que ficava o mercado havia diversos restaurantes um do lado do outro. Morrendo de fome que estávamos por praticamente ainda não ter almoçado direito, escolhemos um aleatoriamente pra jantar. Entramos num bem chiquezinho até, mas com os preços iguais aos outros que já havíamos ido (ou seja, muito caro!). Comemos um fried rice with shrimp (arroz frito com camarão) e uma yellow fried noodles (massa amarela frita) acompanhado duma cervejinha Blue Girl e tiramos a barriga da miséria: os pratos eram muito generosos (nem precisávamos ter pedido um pra cada).

Fried Rice e Fried Noodles (por incrível que pareça os pratos eram para uma pessoa só)


Quanto a higiene do local, aquela mesma coisa que já tínhamos notado: por mais que o lugar fosse bem "direitinho", uma hora ouvimos um barulho e vimos uma poeirinha caindo do teto, olhamos pra cima e era um casal de ratinhos "dando um rolê" nas vigas que sustentavam o forro, na maior tranquilidade, do tipo: tamo em casa.

Depois de jantados e antes de voltar pro hostel, demos mais umas 3 voltas pela feira para olhar e negociar uns souvenires para levar de lembrancinha pros amigos.



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