Acordamos empolgados esse dia. Não só porque iríamos para Koh Phi Phi, mas pela expectativa do que seria o café-da-manhã no resort. Por ser o hotel mais chique que já ficamos na vida, já imaginávamos aquele cafezão devastador, com comida pra destruir o dia da pessoa mas... que decepção! Parecia mais um café-da-manhã de hostel. Um pouco de pão, frios, iogurte, granola, leite, umas frutas, ovo e arroz. Nada parecido com aqueles cafés-da-manhã de hotéis brasileiros de 3 estrelas que tem cachorro quente, 5 tipos de bolo, 5 tipos de pão, omelete e mais um monte de comida que faz tu nem conseguir almoçar depois.
Passada a frustração do café, nos despedimos da vida de ricos no resort e rumamos então para Raylay West pegar o ferry pra Koh Phi Phi abaixo de chuva, que a manhã inteira desse dia não deu trégua. Ainda bem que na barraquinha que ficava na praia o pessoalzinho organizando o pessoal pra embarcar tinha uns guarda-sóis que permitiu que nos abrigássemos da chuva.
Se despedindo de Raylay Beach debaixo de chuva
Em poucos minutos, quando apareceu no mar um barco grande de dois andares, soubemos que era nosso transporte. Em Raylay West, como não há píer, o embarque é com emoção. O Ferry que leva a Koh Phi Phi, por ser uma embarcação grande, não consegue chegar muito perto da praia, então um barco de madeira Long Tail te leva até lá e tu "pula" de um barco pro outro em alto mar, bem divertido. Essa "etapa" bem como tu ter que embarcar no Long Tail na praia com água pelos joelhos já dá pra ter uma noção do trabalho que passam os que resolvem fazer esse trajeto com malas e tênis...
Acima ao fundo, pessoal insistindo em querer ir pra Koh Phi Phi cheios de malas e embaixo nosso Ferry com o Long Tail embarcando o pessoal
O Ferry para Phi Phi é bem moderno e conta com ar condicionado "forte" na cabine interna. Bem parecido com o que havíamos pegado em Hong Kong. Apesar de rápido, ele demora mais ou menos duas horas pra chegar e, pra passar o tempo ficamos perambulando entre o andar de cima, onde chovia e ventava muito e a parte interna, com o ar condicionado congelante. Apesar disso o passeio é bem bonito e permite observar ainda mais ilhas paradisíacas pelo caminho.
Apesar do tempo horrível, curtimos nosso passeio de Ferry
Falando um pouco de Koh Phi Phi, essa é com certeza a ilha mais famosa da Tailândia, não só por possuir praias paradisíacas, mas principalmente por causa que o filme do Leonardo Di Caprio, que fez explodir o turismo no país, foi filmado lá, na sua praia mais icônica: Maya Bay.
O arquipélago de Koh Phi Phi (Koh = ilha em tailandês) é formado por duas ilhas principais, a Phi Phi Don e a Phi Phi Le, além de várias outras ilhotas em seu entorno, sendo que a única ilha habitada é a Phi Phi Don, que possui o vilarejo de Phi Phi e os mega resorts. O único transporte na ilha é a pé ou de bicicleta pois não é permitida a entrada de carros.
Maya Bay fica em Phi Phi Le, na ilha não habitada, sendo a única forma de visitá-la alugando um barco ou com uma agência turística. Antigamente podia-se acampar e pernoitar lá, mas devido a imensa e desordenada procura da visita a esta praia (e a degradação ambiental que isso acompanha), hoje não é mais possível. Um ano depois que a visitamos, ela chegou a ser totalmente fechada para o turismo por motivos de preservação. A presença diária da massa de turistas que a visitavam acabou por tornar impossível a sobrevivência da fauna marinha do local. Parece que depois de um tempo do fechamento (e do prejuízo para a economia do país) o dinheiro falou mais alto e foi reaberta a visita à praia. Só esperamos que de forma mais controlada do que no passado.
A chegada em Phi Phi é no movimentado Tonsai Pier. Chegamos lá depois de 2 horas de barco e no desembarque já tem que pagar a irrisória taxa de preservação para entrar na ilha de 40 baths (4 reais!!). Passando a catraca de desembarque no píer, começa a aparecer o pessoal com as plaquinhas dos diversos hotéis e resorts querendo carregar tua bagagem.
Achamos um carinha que estava com a placa do hostel que havíamos reservado o "The Cobble Beach" e achando que esse serviço era de graça né, já que o hostel era bem carinho, já fomos logo largando nossas mochilas no carrinho quando de repente o carinha falou: "são x baths". Prontamente pegamos de volta nossas mochilas e seguimos a pé, afinal, o hostel não ficava nem a 1 km e meio do píer.
Seguimos então pelo meio do "centro" de Phi Phi e de cara então já vimos o que nos esperava: um comércio frenético, bares ocidentalizados com Beer Pong e outras atrações pra agradar gringos. Phi Phi é uma ilha extremamente cosmopolita, tomada por estrangeiros (acho que se vimos 10 tailandeses em Phi Phi foi muito), não só passeando mas trabalhando nas agências de turismo e outras lojas, mas também tem vários bares e restaurantes tradicionais tailandês, com comida boa e barata. Além de mercadinhos estilo 7Eleven bem baratinhos também.
Nosso hostel ficava estrategicamente um pouco afastado da muvuca (pois diziam que os bares na beira da praia iam até altas horas da madrugada com música alta), na verdade ele era um dos mais afastados da cidade, o que em questão de distância não faz muita diferença já que a ilha é minúscula. A escolha desse hostel foi difícil, já que ele era bem caro pro período que reservamos (se fosse uma semana antes, quando ainda era baixa temporada, teria saído pela metade do preço), mas depois de pensar bastante e devido a que os hostels disponíveis em Phi Phi todos pareciam e tinham avaliações bem ruins no booking, resolvemos ligar (ou manter ligado) o modo ostentação e, já que iriamos ficar tão pouco tempo na ilha (2 dias), não nos importamos de dar uma quebrada no nosso orçamento e aproveitar os bangalôs privativos e a piscina com borda infinita que prometia pores-do-sol deslumbrantes no mar do The Cobble Beach.
Vista "mais ou menos" do hostel The Cobble Beach hehehehe
Eu digo prometia, porque no fim os dois dias em que estivemos em Phi Phi o tempo oscilou entre chovendo e nublado, nem um raiozinho de sol apareceu para nos agradar. Este hostel contava com uma atendente brasileira, seguindo bem aquilo que havíamos notado que quase não há tailandeses em Phi Phi. Perguntei pra ela como ela fazia pra trabalhar lá como estrangeira e ela me disse que estava com visto de turismo mesmo, trabalhando informalmente e que bastava a cada três meses sair do país e entrar de novo para renovar o visto e assim seguir sua vida nesse paraíso.
Depois de largarmos nossas coisas, saímos pra arranjar um lugar pra almoçar e conhecer melhor a cidade. Depois fomos conferir a praia de Ao Lo Dalam, que é tipo a praia "principal" da ilha, a que fica no centro e que concentra os bares de beira de praia onde rolam as famosas festas cheias de gringos enchendo a cara de baldinhos como se não houvesse amanhã e gurias fazendo topless, bem no estilo daquelas festas de filmes de hollywood. Ali também é onde se concentram as "atividades" da ilha: como aluguel de caiaque, que é ótimo pois o mar é uma piscina e dá pra visitar pontos da ilha só alcançáveis por água. Também aluguel de Stand Up Paddle, entre outras. Demos então nosso primeiro banho no espetacular mar de águas mornas de Koh Phi Phi e depois sentamos um pouco na areia observando os turistas tomando garrafas de cerveja quente. Ficamos pouco porque logo começou a chover meio forte, então resolvemos comprar umas Changs (e a essa altura já tínhamos descoberto um mercadinho dum tiozinho chinês escondido que vendia cerveja mais barato) e uns salgadinhos exóticos e voltamos pro nosso hostel aproveitar nosso bangalô.
Curtindo nosso Bangalô em Koh Phi Phi
A piscina do hostel fica bem na beira do mar e dali pode se observar toda a praia de Ao lo Dalam e, é bem estranho pois, numa determinada hora da tarde, a maré se recolhe e pode-se caminhar longos trechos mar adentro com água pelas canelas.
Chegada à noite, fomos conhecer então a tão badalada "night" de Koh Phi Phi. Antes porém fomos procurar um lugar pra jantar e, como já mencionado, tem bastante opções de restaurantezinhos baratos pra comer. Até nos surpreendemos, pois diziam que Phi Phi era tudo caro e tal mas nada haver. Jantamos um Yellow Noodles por 60 baths (6 reais aproximadamente) num restaurante próximo do nosso hostel.
Comendo um Yellow Noodles num dos diversos restaurantes caseiros de Phi Phi
Já jantados, agora sim, seguimos em direção à beira da praia de Ao Lo Dalam que é onde rola o festerê, nos bares que tem ali e na faixa de areia em frente. A princípio são dois bares principais que disputam clientes: o Slinky Bar (o mais famosinho) e um outro do lado que não lembro o nome. Ambos na noite fazem apresentações pirotécnicas, com malabaristas fazendo diversos malabares, acrobacias e tudo que é possível com fogo, incluindo algumas interações com o público como passar por baixo da cordinha flamejante, uma cadeira que ficam dois artistas chicoteando a "vítima" com cordas de fogo e um pula cordas com uma corda de fogo. Toda noite sempre tem isso, dizem que 365 dias por ano. É uma espécie de febre das festas nas ilhas da Tailândia este tipo de apresentação.
Shows pirotécnicos na beira da praia
O ritmo das festas é bastante frenético, com som a milhão e a turistada se entorpecendo geral com os baldinhos e outras "cositas". Ainda bem que o mar ali é uma piscina e bem raso, senão seriam uns 10 afogamentos por festa no mínimo. Apesar de todo esse cenário, é tudo bem divertido e não vimos nenhum episódio de briga ou desrespeito. Claro que a cerveja nesses bares era mais cara, então nós comprávamos a nossa no mercadinho mais pra dentro do vilarejo e trazíamos pra tomar lá na festa. Num dos bares havia um cartaz dizendo que a mulher que mostrasse os seios ganhava uma bebida grátis, mas, infelizmente a Juju não quis fazer esse sacrifício pelo time hehehe.
Ficamos bastante tempo ali curtindo e até se arriscando no pula cordas flamejante e na dança da cordinha, mas estávamos meio cansados da viagem de barco e de tomar chuva o dia inteiro então se recolhemos cedo guardando energia para a festa do outro dia. Na saída ainda encontramos um gremista ali perdido e tiramos uma foto pra guardar o momento.
Encontrando gaúchos em Koh Phi Phi
Apesar dos bares serem relativamente perto do hostel, isso não chegou a atrapalhar nosso sono. Dava pra ouvir o som das festas, mas bem de longe (dizem que em outros quartos do hostel, de repente por terem paredes mais finas ou viradas pra praia, é insuportável). No fim, por causa da chuva e de nossa vontade de explorar a ilha desde que chegamos pela manhã, acabamos nem tirando muitas fotos neste dia.
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