Depois que já estávamos cansados e já havíamos perdido a esperança de que nosso ônibus aparecesse, resolvemos ir à luta e descobrir como chegar no nosso hostel por conta própria. A sorte pra nós, atravessadores a pé de fronteira de primeira viagem, é que o posto de imigração de Singapura é bem diferente do que é costumeiro em postos de fronteira terrestre. Ele não fica no meio do nada e cheio de taxistas sedentos de dinheiro de turista em volta como se espera deste tipo de lugar. Pelo contrário, parece um shopping de tão organizado. Saímos do posto e ao lado já havia uma parada de ônibus, um mercado e residências, era como se estivéssemos na cidade já! E, pra completar, a parada de ônibus contava com um mapa reproduzindo o trajeto de todos os ônibus que passavam por ali, muito fácil! Vimos um que ia até uma estação de metrô e pegamos. O problema é que os ônibus em Singapura são com aquele sistema que pra nós brasileiros é, no mínimo, incompreensível: não tem cobrador, tu entra lá no meio do ônibus e enfia o dinheiro numa caixinha, ou passa o cartão, sem roleta sem nada. E antes que alguém pense que isso é por que em Singapura as pessoas são mais educadas e honestas, saiba que a multa pra quem for pego não pagando é o equivalente a 300 dólares!!! Acho que não vale a pena arriscar não? Aliás, há um trocadilho bem famoso e que está em todos os cantos em Singapura, principalmente nos lugares turísticos (e em canecas, camisetas, chaveiros, etc), que é: Singapure is a fine city! Em inglês, a palavra fine serve tanto para significar: legal, bom, agradável, quanto também significa: "multa". Singapura é o país-cidade considerado o que mais tem multas para qualquer coisa. A lista é imensa: atravessar fora da faixa, cuspir no chão, beber na rua, comer no metrô, fumar, comer a fruta fedorenta Durian em locais públicos (e olha que a fruta é um dos símbolos do país), e o mais louco de todos mas que faz todo sentido: mascar chiclete na rua (???). E todas elas são nesta base... 300 dólares!
Voltando a nossa missão, não tínhamos dinheiro trocado pra pegar o ônibus, então se dirigimos até um mercadinho próximo pra comprar alguma coisa e tivemos o nosso primeiro choque de realidade: o lugar mais caro que já conhecemos! Na época o Singapure Dólar valia mais ou menos 1,29 dólares americanos, e o preço das coisas em Singapura é tipo os preços em reais (só que na moeda deles). 2 SG dólares uma água, 2,30 SG dólares a passagem de ônibus... Enfim com o dinheiro trocado, conseguimos pegar o ônibus (embora tenhamos perdido um pouco de troco no pagamento já que o ônibus era 2,30 e nós só tínhamos notas de 5 trocadas) e fomos até a estação de metrô mais próxima, a Woodlands.
Pegamos o metrô então sem dificuldades (compra o ticket na maquininha informando a parada que tu quer ir) e uns 45 minutos e uma baldeação depois chegamos na estação Rochor, estação que fica no bairro "Little India", o bairro indiano de Singapura.
O bairro é muito bonito, bem colorido (um pouco fake pra falar a verdade), com montes de lojinhas de temperos dos mais variados, com cheiros muito bons e exóticos, roupas típicas indianas e todas tocando músicas indianas, acho que mais pra dar aquele clima de Índia mesmo, hehehe.
Bairro Little India, com sua decoração e lojas indianas
Escolhemos esse bairro pelos seguintes motivos: primeiro, porque em Singapura tem dois bairros que são considerados os "menos" caros para se hospedar e pelo custo de vida em si, que é o bairro indiano e o bairro chinês. Como já havíamos visitando um monte de china towns pelo caminho, escolhemos o bairro indiano pra conhecer um pouco mais desta cultura. E segundo, porque o ônibus que viemos da Malásia, a parada final dele era exatamente na Little India, a uma quadra do nosso hostel (o que no fim das contas, não fez diferença né?).
Quanto ao hostel, foi um dos mais baratos que conseguimos encontrar no país mas o mais caro da viagem: 18 dólares a diária, enquanto nos outros países estávamos acostumados a pagar 5 dólares, 3... Com certeza era de um nível elevado comparado aos outros, com café-da-manhã incluído e bem limpo, no entanto, tivemos alguns problemas com ele e não recomendamos (não é a toa que tem uma nota ruim no booking). O hostel era o Campbell Inn (na época tinha um nome diferente).
Chegando no hostel, de cara já tivemos problema na reserva: tínhamos reservado um beliche pra nós por um preço e chegando lá a cama de baixo era mais cara que a de cima, daí tivemos que esperar o gerente chegar pra poder resolver a situação. Só que o gerente quando chegou, mandou eu falar com o atendente pra resolver... Aí perdemos um tempo nessa enrolação até que finalmente se resolveram os dois e seguiram o preço da reserva do booking.com. Depois, o hostel não fornecia toalhas. Tinha que comprar deles por 8 dólares!!! Pelo menos não era aluguel, pudemos levar a toalha embora pra casa, porém, acabamos depois esquecendo ela no avião... Pra completar, como era de manhã ainda, não deixaram a gente já ir para o quarto, tivemos que esperar o horário do check in às 14 horas, mesmo que o quarto já estivesse liberado. A alegação deles era que tinham que limpar antes e que o faxineiro só chegava depois do meio-dia. Só que essa tal limpeza deles, depois descobrimos, era um carinha com má vontade fingindo que passava uma vassoura no chão que já estava limpo.
A Juju então, morta de cansada da nossa viagem da madrugada em que não havíamos dormido praticamente nada, arranjou um canto na área comum do hostel e capotou. Eu, não muito afim de ficar ali com aquele pessoal antipático da recepção e já com "sede" de explorar o novo país, deixei a Juliana desmaiada ali com as mochilas e saí pra explorar a cidade.
Parti então rumo ao Arab Quarter, um quarteirão árabe de Singapura considerado o bairro muçulmano do país, embora a religião oficial do país seja a islâmica (como se observa facilmente na sua bandeira), que ficava relativamente perto do nosso hostel.
Essa área foi entregue ao Sultão Hussein Shah em 1819 como parte do tratado que transferiu o domínio de Singapura aos ingleses. Mais tarde, em 1822, foi apresentado e posto em prática pelos britânicos um plano de reestruturação do país, dividindo-o em várias áreas específicas para cada etnia diferente que o habitava (little india, china town, arab quarter...)
O Arab Quarter é mais uma parte (de quase todo o país) que foi se globalizando com o passar do tempo e com o desenvolvimento tecnológico e financeiro de Singapura, e com isso perdendo um pouco da sua identidade original (o que não é necessariamente uma coisa ruim). Trata-se realmente de um quarteirão só, com diversos restaurantes e lojas de roupa da cultura árabe que dizem ser muito bons (estilo gourmet), porém a maioria das lojas da quadra são na verdade de souvenires e outras bugigangas turísticas. Em compensação no entanto, dentro da quadra fica a Mesquita do Sultão (Masjid Sultan), uma mesquita muito bonita e imponente, com uma cúpula dourada que pode ser observada de longe na cidade.
Mesquita do Sultão, no final da rua só para pedestres dentro do Arab Quarter
A mesquita do Sultão foi construída em 1825 pelo Sultão Hussein Shah, considerado o primeiro sultão de Singapura, e tombada em 1975 como monumento histórico do país
Como eu estava com roupas adequadas (calça comprida e ombros cobertos), pude entrar na mesquita e ter a minha primeira experiência dentro de uma mesquita muçulmana. A parte interna dela é bem bonita, e funciona como uma espécie de museu na entrada, sendo o centro dela, nos tapetes onde se realizam as rezas, reservado somente para muçulmanos. Na parte em que os "não-muçulmanos" podem visitar, diversos painéis e fotos históricas contam um pouco da história tanto da mesquita como de Singapura e da religião islã em si. Depois de ler um pouco os cartazes, veio uma tiazinha que trabalhava meio como curadora, meio guia das exposições ali conversar comigo e me contar mais histórias sobre a mesquita e sobre o islamismo. Ela fez altas propagandas de como o islã era a religião mais respeitosa de todas, que reconheciam todas as outras religiões como igualmente válidas e tal, mas quando perguntei sobre o que eles achavam do budismo, ela disse que não achava nada porque budismo pra eles não é religião (vai entender...). Não falei que era ateu pra ela não tentar me converter ou coisa assim mas contei que vinha do maior país cristão do mundo, o qual ela se surpreendeu pois sempre achou que fosse a Itália. Pra mim que, apesar de nunca ter tratado o islã com o preconceito comum que a maioria dos ocidentais trata (homem bomba, terrorista, etc) mas que conhecia muito pouco sobre essa religião, foi muito legal a experiência, e pude reforçar mais ainda a minha noção de que o que assistimos na mídia sobre muçulmanos é eivado de ignorância e estereótipos preconceituosos.
Voltei pro hostel e a Juju continuava desmaiada, babando num canto. Acordei-a e finalmente nos deixaram ir para o quarto e aí assistimos ao vivo a tal "limpeza": o carinha passando uma vassoura no chão bem sem vontade. Ao entrar no quarto, mais um ponto negativo do hostel, o cara deu a chave do banheiro feminino pra Juliana e disse reiteradamente que era pra ela sempre que entrar no banheiro, trancar a porta, não esquecer (nos deixou bem ressabiados isso...)!
Enquanto a Juliana foi tomar banho, fiquei conversando com um tiozinho do nosso quarto, o cara, que era o típico indiano estereotipado, me contou que trabalhava numa empresa na Índia que possuía filial em Singapura (por causas fiscais, óbvio) e que vinha da Índia toda semana, às vezes ia e voltava no mesmo dia. Disse que é bem comum muita gente fazer isso, já que em Singapura o custo de vida é muito alto mas ganha-se muito bem, compensando morar em outro país e trabalhar lá, além da facilidade da entrada/saída de estrangeiros. Ele que nos contou que o que havíamos presenciado no início da manhã na fronteira é absolutamente normal.
Com banho tomado e as baterias recarregadas uns 10%, fomos então eu e a Juju desbravar os pontos turísticos de Singapura. Primeiro, procuramos um lugar pra comer ali por perto do hostel e, para nossa surpresa, haviam vários restaurantezinhos bem em conta, considerando os preços de Singapura. Comemos num botequinho de esquina duns tiozinhos chineses bem simpáticos, um arroz frito de frango e um lámen, pelo equivalente a 14 reais cada um, bem mais barato se comparado a Hong Kong. No entanto, as mesas do restaurante na rua, ficavam no meio de um monte de pombas, que não se intimidavam com os fregueses (só tinha nós no restaurante). A Juju, que já estava com fraqueza da noite não dormida, começou a imaginar que o frango que estávamos comendo era na verdade carne de pomba (hehehe) e começou a passar mal. Só que isso já tínhamos terminado de comer e já estávamos caminhando em direção ao metrô. Com medo de vomitar na rua e tomar uma multa (já que tem multa por cuspir na rua em Singapura, vai saber quanto é a multa pra quem vomitar), corremos prum shopping pra Juliana usar o banheiro e se aliviar. No fim foi até bom pois acabamos conhecendo um shoppinzinho bem legal no caminho, só de lojas indianas e árabes, com elevadores imitando palácios antigos.
Agora sim! Depois de vomitar as tripas, a Juju já estava agora com uns 30% das baterias recarregadas e pudemos finalmente aproveitar as ruas do país. Seguimos direto para o metrô rumo à parte mais famosa da cidade, que concentra praticamente todas as atrações turísticas do país, a Marina Bay. No caminho, pudemos dar uma boa observada na arquitetura pitoresca da cidade, com prédios com designs bem futuristas e outros bem coloridos.
Primeiras impressões da arquitetura de Singapura
Outra coisa que nos chamou bastante atenção e pra nós foi uma das características mais marcantes de Singapura (depois dos preços exorbitantes) é, assim como na Malásia, a presença maciça de diversas raças e etnias. Porém lá essa presença é ainda mais forte, aliás, parece que não existe um "povo local", a sensação é que o país inteiro é formado somente por expatriados. Se observa na rua vários grupos diferentes falando sua própria língua entre sí (ingleses, chineses, malaios), e utilizando o inglês para se comunicar com pessoas de outros grupos. Uma coisa bem interessante, ainda mais pra nós brasileiros que estamos acostumados a falar e pensar que existe somente uma língua.
Com o eficiente transporte público, considerado um dos melhores do mundo (e pro desespero dos neoliberais ele é majoritariamente público), chegamos rapidinho no Marina Bay e, descendo do metrô, já avistamos de longe a roda gigante, o Marina Bay Sands e as árvores metálicas do Jardim Botânico Gardens by the Bay (descemos uma parada antes justamente pra ir avistando aos poucos no horizonte todos esses lugares hehehe).
Descendo do metrô, já se tem a vista da Singapure Flyer e do Marina Bay Sands ao fundo
Primeiro demos uma volta pra desbravar o waterfront, que é sensacional, com uma vista espetacular para o Museu de Arte e Ciências, a roda gigante, além é claro, do Marina Bay Sands ao fundo.
Marina Bay, com vista ao fundo, da esquerda pra direita: Roda-gigante Singapore Flyer, Helix Bridge, Marina Bay Sands, Museu de Arte e Ciências, prédios da zona financeira de Singapura, dou outro lado da baía e campo de futebol flutuante à frente.
Também tem ali um estádio de futebol flutuante muito louco, que não sei se um dia chegou a ser utilizado, mas era bem legal que tinham uns animaizinhos, espécie de lontras, que acho que estavam morando no campo ou na estrutura subaquática que ficavam saindo e entrando na água. Ficamos um tempinho observando os bichinhos.
Exóticos "moradores" do campo de futebol mais exótico ainda
Atravessamos a Helix Bridge, outra estrutura muito legal e modernosa, uma ponte que cruza a baía e que o pessoal usa pra caminhar, andar de roller, patinete, etc, e chegamos ao shopping The Shopes at Marina Bay Sands, um shopping ostentação que ocupa praticamente toda uma quadra duma das margens da baía.
Atravessando a Helix Bridge em direção ao Shoppes at Marina Bay Sands
Entramos no shopping pra dar uma olhada e pegar um ar condicionado (que a essa altura se fazia bastante necessário) e realmente é super moderno e de um design estiloso, com cafeterias, lojas de marca e outras que nem pensamos em olhar os preços. Conta também ainda com uma pista de patinação ao centro (como todo shopping burguês que se preze, hehehe).
Shopping mega chique. O que mais gostamos (de olhar) foi o Super Heroes Café
Depois de curtir um ar condicionado, fomos então dar uma volta no Gardens by the Bay, o jardim botânico futurista de Singapura, que conta com os famosos jardins verticais em formato de árvores metálicas de um visual espetacular e também uma das imagens bastante famosas no instagram.
A entrada no Gardens by the Bay é gratuita, no entanto algumas atrações dentro do parque são pagas a parte, como subir nas pontes suspensas que levam às árvores metálicas, passear de carrinho de golfe dentro do parque e também de barco nos diversos canais que este possui.
Também é pago a parte a entrada nas estufas de florestas tropicais que tem ali, que parecem ter saído de um filme de ficção científica com ETs, e dão também um visual incrível na paisagem. Os domos contam com espécies de plantas de diversas partes do mundo, sendo algumas extremamente exóticas, além de contar com cachoeiras e pontes suspensas. Acho que vale bastante a pena conhecer, apesar do preço. Como no dia que fomos a fila era grande (já que a entrada é por horários específicos) e estávamos nos guardando para outras atrações, acabamos não visitando eles.
Quanto ao resto do parque, que já é espetacular por si só, tentamos aproveitar ao máximo, apesar do calor e do cansaço pela noite sem dormir, passeamos bastante observando os lagos com peixes e os diversos caminhos, um mais bonito que o outro, sempre todos limpíssimos.
O parque é muito bem cuidado, limpíssimo!
Uma coisa bem legal também são as intervenções artísticas dentro do parque, cada caminho sempre tem alguma, por mais "singela" que seja. Hoje, dando uma olhada no site do parque, dá pra ver que já são bem mais esculturas e atrações, algumas bem grandes e interessantes.
Algumas intervenções artísticas dentro do parque
O próprio caminhozinho que leva às árvores metálicas é um show a parte, um córrego artificial feito em pedras numa escadaria, com diversos monumentos esculpidos em pedras, sensacional!
Córrego artificial no caminho para as árvores metálicas
Chegamos às árvores metálicas, que ficam praticamente no centro do parque, e são inacreditáveis! Essas estruturas metálicas possuem 50 metros de altura e são uma amostra e uma tentativa de Singapura se dizer uma cidade sustentável. As árvores compõem-se de diversas plantas exóticas e células que captam energia solar, responsável pela própria iluminação delas e do parque à noite, além de servir de captação da água da chuva. À noite essas estruturas são ainda mais fantásticas, com iluminações altamente futuristas e com a ocorrência frequente de espetáculos de luzes e sons.
As árvores futuristas vistas de baixo
Pode-se subir, pagando a parte, numa ponte suspensa que atravessa a copa das árvores. Dizem que inclusive numa delas há um café para os visitantes, porém como era caro e elas já são bonitas lá de baixo mesmo, achamos desnecessário.
O parque é enorme, e pode-se passar um dia inteiro dentro dele facilmente. Não conseguimos ir até a outra ponta, em direção ao sul das árvores metálicas por puro cansaço. Depois de conhecer a principal atração dele, sentamos então num banquinho na beira de um lago e, exaustos, demos uma boa cochilada pra recarregar as energias.
Mais uma boa andada no parque depois, passamos por várias pontes e curtimos mais um pouco o laguinho e fomos retornando em direção ao Shopping.
Ficamos então num dilema do que fazer em seguida, já que nosso dinheiro não ia dar pra fazer tudo. Estávamos divididos entre duas opções que queríamos: subir no topo do Marina Bay Sands, o hotel aquele com três torres e o terraço em formato de navio, um dos símbolos de Singapura, que possui a famosa piscina de borda infinita sendo esta a maior do mundo na época ou, andar na Singapore Flyer, a na época segunda maior roda gigante do mundo, perdendo somente para a roda gigante de Las Vegas (neste momento ainda é a segunda maior do mundo, mas sabe se lá, tem-se construído tantas dessas que nem sabemos mais). Exatamente pela exclusividade, já que rodas gigantes deste tipo existem em tantos outros países, escolhemos então subir no topo do Marina Bay Sands, verificar se era real mesmo aquela piscina de borda infinita que tantos anos rondou nossa imaginação.
O Marina Bay Sands é um hotel e um Cassino, inaugurado em 2010 e construído com a ajuda da companhia Las Vegas Sand (daí o nome) com o objetivo de ter a mais alta e maior piscina de borda infinita do mundo.
O Marina Bay fica do outro lado de uma avenida movimentada que atravessa a baía, mas pra chegar lá é muito fácil, há uma passagem subterrânea bem sinalizada por dentro do shopping (muito moderno!).
Mais fácil ainda é achar o local para comprar o ingresso para subir no bar que fica no topo do hotel (acho que o hotel ganha mais dinheiro com isso do que com hospedagem mesmo hehehe). 20 dólares de Singapura para subir e ter acesso ao bar que fica de frente da piscina, essa sim, só acessada por hóspedes. Uma facada de leve, mas pelo menos dava direito a consumir esses 20 no bar (o que deu pra tomar só um chope da Stella Artois, o chope mais caro da nossa vida). Inclusive há um elevador exclusivo para o topo do hotel, um elevador também podre de moderno que subiu os mais de 50 andares numa velocidade absurda, dá até um certo desconforto nos ouvidos e no estômago hehe. Rapidinho então já estávamos no bar, ao lado da tão famosa piscina, tomando nosso chopinho, e descobrindo que sim, é de verdade e é espetacular!
Sendo rico uma vez na vida (mais ou menos né, já que a gente não tava na piscina)
Ficamos um tempão dando voltas no bar (tomando nosso chope em gotas pra render hahahah) esperando pelo por-do-sol, que não foi dos melhores visto que estava com um pouco de nevoeiro sobre o mar. Mas em compensação, já noite, o "skyline" dos prédios do outro lado da baía e a vista do Gardens by the Bay com as árvores metálicas iluminadas fez valer cada centavo investido.
Vista do topo do Marina Bay Sands a noite. Na foto mais abaixo o Gardens By the Bay com suas estruturas gigantescas das estufas que parecem um cenário de ficção científica
Chegou uma hora que o garçom viu que não íamos consumir mais nada e entregou a conta na nossa mão sem a gente nem pedir. Com os 10% acabou dando mais do que 20 dólares cada chope!! Fomos embora então e ficamos ali pela entrada do shopping, dando uma volta na Helix bridge, curtindo o movimento que há essa hora já estava bem intenso comparado a hora que havíamos chegado.
Marina Bay à noite: Helix Bridge, Museu de Arte e Ciências e Marina Bay Sands
Olhamos o relógio e faltava um tempinho ainda pra começar uma atração que ocorre diariamente ali na Marina Bay em frente ao shopping, que é o show spectra, um espetáculo diário que ocorre em dois horários, onde projetores instalados nos barcos que ficam na baía projetam imagens e filmes em fontes de água que ficam jorrando bem em frente ao píer, acompanhados de música e efeitos pirotécnicos. Aproveitamos pra pegar um bom lugar na espécie de arquibanca que fica no píer e ficamos aguardando.
Depois da decepção com o show de luzes em Hong Kong, não estávamos muito animados com essa atração, e pra falar a verdade nem estava em nossos planos assisti-la, mas já que estávamos ali e já ia começar né? Mas foi só começar o espetáculo, tocando nos alto falantes de alta definição Stevie Wonder, What a Wonderful World que vimos que estávamos enganados. Ficamos os 15 minutos da apresentção, entre imagens projetadas na água, fogos, efeitos sonoros, boquiabertos. O espetáculo é realmente demais! Acho que só perde para o espetáculo das águas de Lima, que na época ainda não conhecíamos. Quando acabou se viramos um pro outro e nos perguntamos embasbacados, quase instantaneamente: isso foi real?
Show spectra na Marina Bay. Na primeira foto, nós meio ressabiados antes de começar o espetáculo
Extasiados, e agora já descansados, fomos caminhando então em volta da baía, curtindo a agradabilíssima noite singapurenha, com diversas famílias passeando e curtindo o píer.
Hora de jantar então, havia visto que Singapura é famosa pelas suas Lau Pa Sat Food Courts, espécies de lugares que imitam praças de alimentação de shoppings ao céu aberto, com várias mesas na rua e diversos estabelecimentos para comer (uma espécie de primo rico das comidas de rua) e um dos mais famosos deles, o Telok Ayer Market, ficava muito próximo ali da Marina, e pra lá que nós fomos. O lugar é bem agradável e é idêntico a uma praça de alimentação de shopping (inclusive nos preços e nas marcas das lanchonetes) só que sem o shopping. Demoramos a achar algo que nos apetecesse, inclusive há em volta, já na parte de fora, algumas comidas de rua mesmo, espetinhos, etc, mas tudo com preços de shopping também. No fim comemos um bife a milanesa com fritas pra matar a saudade do ocidente. E se na Malásia a cerveja era cara por causa da religião, em Singapura nem tem pra vender na rua, vimos só em mercadinhos de procedência duvidosa na Little India e ainda por cima caríssimas. Inclusive observamos diversos cartazes em algumas ruas informando que não se podia vender cerveja depois de certo horário e nos fins de semana.
A ideia depois dali era ir até o Clarke Quay, o local que dizem que é onde ocorre a noite em Singapura, com vários barzinhos na beira do rio dos mais variados preços (inclusive muito famoso lá e dizem ser barato é a lagosta, mas barato só pra quem come lagosta pelo jeito), mas estávamos muito cansados e resolvemos voltar pro hostel, o dia já tinha sido bastante aproveitado! Singapura é uma cidade relativamente pequena, com todas as atrações próximas e muita cara, não nos arrependemos de ter ficado só um dia na cidade, mas com certeza teremos que voltar lá outras vezes para conhecer outras facetas desse país incrível.
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