Último dia em Hong Kong, última oportunidade para visitar o tão aguardado The Peak. Para variar, o dia amanheceu nublado e com uma chuva fina novamente. A ideia pra esse dia era ir primeiro no The Peak, antes que piorasse o tempo, e depois, se por um milagre abrisse o sol, iriamos "brincar" no Ocean Park, um parque de diversões estilo Disney que dizem ser o melhor de Hong Kong (já que lá tem Disneylandia também), com dezenas de montanhas russas radiciais e o melhor: você pode alimentar ursos pandas!! Além disso, fica no outro lado da ilha de Hong Kong, o lado voltado para o mar aberto no Oceano Pacífico, o que permitiria conhecer uma outra parte diferente da cidade.
Sem mais delongas então, comemos um café da manhã horrível no 7 Eleven e rumamos de metrô para a estação Admiralty, na ilha de Hong Kong, estação que dá acesso ao ponto inicial do Peak Tram, dentro do Hong Kong Park, pegar o trem funicular que leva ao topo do The Peak. No caminho até a estação ainda pudemos dar mais uma voltinha no Hong Kong Park.
Pegamos o trenzinho acho que muito cedo, ou o dia estava ruim mesmo, pois estava com pouca gente e, pelo número de catracas, deve ser bem concorrido em dias "normais".
O passeio vale pelo ângulo que o trem faz durante a subida, quase 45º de inclinação, parece até que se está andando numa daquelas montanhas russas de parque e cria a ilusão de que os prédios avistados no horizonte estão caindo.
Subindo no The Peak com o Peak Tram
Ele na verdade não anda, ele é puxado por cabos hidráulicos fixados aos trilhos (tipo um elevador). O trem que tem mais de 130 anos de funcionamento e já passou por diversas modificações, é um orgulho da engenharia honconguense e, antes de virar atração turística, era usado como meio de locomoção pelos habitantes da ilha. Ainda hoje ele é utilizado assim por algumas pessoas e é muito estranho quando ele pára nas estações, naquela inclinação toda, com as pessoas entrando todas "inviesadas" dentro do trem. Mas tirando isso, não é uma atração "imperdível", podendo o mesmo trajeto ser feito de ônibus que também sai da estação Admiralty por um preço muito menor.
Depois de um minutinhos, chegamos no topo, e o trem te deixa dentro de um shopping (pra variar). Lá em cima o tempo era completamente diferente do que estava lá embaixo, com muita nuvem, vento e chuva forte. A Juju, que estava pior da gripe, ficou dentro do shopping enquanto eu fui conferir a tão esperada vista.
O The Peak, como é conhecido este local, é o morro mais alto e famoso de Hong Kong, contando com toda uma estrutura turística com parques e shoppings além de mirantes. Inclusive há um mirante no topo do shopping, o Sky Terrace 428, que é pago e extremamente desnecessário (a não ser que você queira ter uma vista de Hong Kong mais do alto ainda).
Pois bem, me dirigi então ao mirante "não-pago" do monte e lá estava: aquela vista da baía vitória, que tanto havia me enchido os olhos no cinema. Que serviu de cena de abertura pra 9 de cada 10 dos fantásticos filmes de ninja do diretor Godfrey Ho (pra quem não conhece, procura aí no google. Pode procurar Tomas Tang também que é a mesma pessoa, o cara usava vários pseudônimos), muitas vezes até era a mesma cena reaproveitada. Pra mim um sonho realizado, estar ali, ao vivo, presenciando aquele cenário tão enigmático, só uma pena que o tempo estava horroroso, mas dizem que é muito difícil pegar um dia de sol com boa visibilidade em Hong Kong.
Fiquei um tempão lá embasbacado até que chegou uma hora que nublou de vez e não se enxergava mais um palmo a frente, daí resolvi voltar pro shopping pra encontrar a Juju.
O resto da manhã então ficamos passeando no shopping. A Juju aproveitou pra comprar umas roupas que estavam em promoção numa loja que devia ser a "Renner" de Hong Kong e depois subimos num outro andar que não tinha lojas mas sim uns pontos divertidos pra tirar foto e uma escultura de cera do "mestre".
Atrações do Shopping The Peak
Também gastamos um dinheiro à toa numa máquina "a boca da verdade", que pra quem não conhece, é um fliperama italiano, que dizem ser a máquina de ler a sorte mais antiga do mundo, que já esteve presente em vários shoppings do Brasil aqui nos anos 1990. Nela você enfia a mão dentro da boca de uma estátua de um tiozinho e ele "lê" a tua sorte. Digo que perdemos dinheiro porque o bilhetinho que ele imprime a tua sorte era todo em chinês hehehehehe.
Dando uma ajudinha pra economia de Hong Kong
Ainda antes de ir embora, a Juju tentou até dar uma conferida na vista do The Peak, mas a chuva e o vento tinham aumentado demais então fomos de uma vez pegar o trenzinho para descer.
Mirante para apreciar a vista; ao fundo, no meio das nuvens o shopping onde fica o Terrace 428 e a Juju teve que observar a vista nas fotos depois...
Como a passagem ida e volta do trem era mais barata que comprar só um trecho e voltar de ônibus, foi essa que compramos e acabamos não conhecendo o trajeto de ônibus.
Descemos no parque novamente e, como a chuva apertou, abandonamos nosso plano de ir brincar no Ocean Park. No entanto, como ainda era cedo, demos uma olhada na nossa "lista de lugares para visitar em Hong Kong não imperdíveis" e escolhemos então o que parecia que tomaríamos menos chuva, visitar o mercado de Wan Chai, um mercado de rua que fica na ilha de Hong Kong no bairro de mesmo nome. O mercado é bem perto do Hong Kong Park (uma estação de metrô de distância), mas por causa da chuva, não arriscamos ir a pé, pegamos o caríssimo metrô para ir até lá.
O mercado de Wan Chai é um dos mercados famosos de rua de Hong Kong, bem parecido com os demais mas mais conhecido pelo seu comércio de alimentos. Nas suas ruas, milhares de barraquinhas estilo camelô vendendo bugigangas e nos prédios em volta e nas ruas adjacentes milhares de lojas de comida, com destaque para frutas (muitas frutas), e açougues (muitas carnes). Não chegamos a conferir preços e nada mas acredito que seja um lugar barato para comprar comida e carne pois todas as lojas estavam lotadas com gente se amontoando em volta das estantes, uma muvuca só.
Não deu pra aproveitar muito o passeio por causa da chuva, mas deu pra ver que é um mercado muito mais "popular" digamos assim, do que os de Kowloon, praticamente só locais e produtos de pior qualidade. Não ficamos muito tempo e procuramos um lugar pra comer. Entramos no primeiro restaurante em que uma tiazinha muito simpática nos ofereceu o cardápio, e os preços eram um pouquinho mais baixo do que os que nós estávamos acostumados (mas caro igual).
Depois do almoço, voltamos pro hostel porque estávamos muito ensopados, e aproveitamos então para tomar um bom banho quente, um chá quente e passar a tarde embaixo das cobertas tirando um cochilo pra não correr o risco de ficar gripados (no caso da Juju, mais gripada ainda).
Foto do nosso quarto e a "vista" da janela dele
A Juju acordou antes de mim e foi para a minúscula área comum do hostel tomar umas Tsingtao. Aproveitou pra perguntar pro guri da portaria o que que estava escrito ali no bilhete da leitura da mão que a gente recebeu da máquina da verdade, e era bem legal o que dizia no bilhete. Pra quem quiser saber, só ler o bilhete ali na foto de cima hehehe.
Depois que acordei então, fomos dar nossa última volta na noite de Hong Kong, e graças a deus já tinha passado a chuva de vez. Seguimos então pela Nathan Road em direção ao calçadão à beira da Victoria Harbor, apreciar mais uma vez a vista das luzes e dos prédios da ilha de Hong Kong. Ficamos andando por lá sem pressa, a fim de aproveitar ao máximo, e acabamos descobrindo outros pontos do calçadão, como uma escadaria onde parecia ser o ponto de encontro dos jovens, vários reunidos comendo e bebendo, e umas espécies de "carrinhos" que você podia se sentar que imitavam como se você estivesse num gramado (com grama e árvores artificiais), surreal! Sabe um lugar hiper mega agradável de passear? Assim estava o calçadão nesse dia.
Calçadão de Kownloon de frente à Victoria Harbour. Nas fotos de cima, escadaria onde se reuniam os "jovens" e estrutura imitando um gramado com árvore para se sentar.
Não havíamos descoberto ainda se podia beber cerveja na rua, mas vimos uns turistas o fazendo então resolvemos arriscar. Fomos no mercadinho e compramos uma latinha (uma só porque, não havia contado ainda, mas a cerveja em Hong Kong é caríssima, o valor era equivalente à 8 reais uma latinha!) e ficamos ali na beira da baía, curtindo a noite. Pra completar ainda começou a ser projetado um filmezinho de natal na parede do Centro Cultural de Hong Kong, que fica ao lado da torre do relógio, muito legal.
Projeção de filme de natal na torre do relógio e na parede do centro cultural ao lado
Nos despedimos então de Hong Kong e seguimos nosso caminho de volta ao hostel pela Nathan Road, já tristes pelo pouco tempo que tivemos na cidade. Hong Kong é realmente tudo aquilo que eu estava esperando e muito mais. Uma cidade extremamente moderna e "estilo ostentação", mas que vive em função de suas origens, onde apesar de ser uma área de livre comércio e para muitos a "meca" do liberalismo, a presença do Estado de bem-estar social é forte, com a presença de parques, transporte público excelente, wi-fi liberado, muitos prédios populares, o que não evita também que, como toda nação rica, possua bastante pobreza. Com certeza vamos voltar um dia.
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