E depois de 14 dias frenéticos na África do Sul, tivemos nosso primeiro "dia livre", ou seja, dia com nada programado, só passear pela cidade e descansar (coisa que não combina muito com nosso estilo de viajar mas enfim...). Mas mais do que descansar dos quase 900 quilômetros rodados de carro desde Cape Town, precisávamos de uma parada estratégica para limpar o carro dos vestígios do acidente e lavar nossas roupas. Sendo assim, acordei cedo e já deixei nossas roupas numa lavanderia a umas duas quadras do hostel, com umas tiazinhas bem tímidas que acho que não estavam acostumadas com turistas.
Perto do meio-dia, deixamos o carro para lavar num "Car Wash", também perto do hostel (na parte central de Knysna tudo é perto). O atendente da lavagem deu uma risada, acho que de nervoso, quando viu o estado que estava o lado do carro que bateu no acostamento, principalmente pela roda cheia de tufos de grama. A lavagem funcionava naquele esquema de confiança sul africana que nós não estamos nem um pouco acostumados: só deixamos a chave com o carinha e combinamos de buscar mais tarde, nada de recibo, documento ou coisa assim.
O resto do dia então, fomos dar uma volta na cidade sem pressa e sem destino. Depois de dar mais uma passada no Waterfront, fomos conhecer a Thesen´s Island, a ilha mais famosinha de Knysna. Para chegar lá se atravessa uma pequena "ponte" (seria mais uma rua mesmo) que é a continuação da Long Street, por sobre a Lagoa Knysna, um caminhozinho muito bonito e agradável.
Bonito caminho que liga o centro de Knysna à Thesen´s Island
Já a ilha é pura ostentação! Parece aqueles cenários de novelas da parte dos ricaços, só casarões e lojinhas elitizadas. A parte comercial da ilha é bem curta, fica bem no final da Long Street. O resto dela é composta de canais todos com casas residenciais que possuem seus próprios decks e saídas de lanchas, lembrando um pouco Veneza até (ou o que se imagina quando se pensa sobre Veneza, já que nunca fomos). A maioria dos blogs de viagem que lemos sobre Knysna davam como sugestão dois lugares imperdíveis para se conhecer na ilha: a padaria Ilê de Païn, uma padaria/bruncheria cujo marketing é de que seus pães e outras guloseimas são obras de arte de conceituados padeiros e não só comida; e o restaurante Tapas & Oysters, que dizem servir as melhores ostras da África do Sul. A padaria achamos muito chique para nosso gosto, mas o Tapas & Oyster resolvemos conferir, já que ostras não é uma coisa que se encontra todo dia (pelo menos aonde moramos aqui no Brasil) e, passando da hora do almoço, já começava a bater uma certa fome. Esse restaurante é bem legal, com uma decoração cheia de adereços com temas náuticos meio que com uma pitada daqueles bares americanos de motoqueiros, bem estiloso. Ainda possui uma vista pro Lago sensacional, mas como estava com um ventinho meio frio ficamos na parte interna mesmo.
Restaurante Tapas & Oysters
Os preços das comidas realmente são caros pro padrão sul africano que estávamos acostumados mas, pros padrões brasileiros é bem barato. Um restaurante de frutos do mar deste nível no Brasil seria inimaginável pro nosso bolso, mas lá os pratos individuais custavam uma média de 20 reais. No cardápio uma infinidade de pratos com ostras, o carro chefe obviamente do lugar, fazendo uma mescla com comidas espanholas. A Juju pediu um prato de Ostras com Blue Cheese (Queijo Azul) acompanhado de pão com alho que ela lembra até hoje do gosto de tão extraordinário que era e eu, que não sou muito fã de ostras, fui de Paella (porque era mais baratinho hehehe). E pra completar um Chope Windhoek, que acredito ser da Namíbia (já que é o nome da capital de lá) muito bom!
Ostras com Blue Cheese e Pão com Alho e Paella
Depois do almoço, fomos dar mais uma volta na ilha e acabamos conhecendo mais um dos "mascotes" de Knysna, a Baleia Blue. Essa baleia é da espécie "True´s Baked Whale" (não achei nome em português), que faz parte da família das baleias Ziphiidae. Essa espécie é muito rara pois são baleias que nadam em águas muito profundas do oceano atlântico e dizem que só há registro de terem sido vistas umas 2 ou 3 vezes na história. Uma delas foi justamente na costa sul africana em 2002, quando a baleia Blue foi encontrada morta encalhada na praia em Knysna e hoje seu esqueleto faz parte do acervo de um museu em Port Elizabeth. Na Thesen´s Island há uma réplica dela junto com um quadro explicativo que acabou virando um ponto de referência na cidade (e foto disputada no instagram hehehe).
Baleia Blue!
Na Knysna Lagoon, especialmente na Thesen´s Island, há uma imensa variedade de atividades e esportes náuticos disponíveis para se praticar: caiaque, stand up paddle, paragliding, wake board, passeios de barco, de lancha, etc. Com a tarde livre e um céu azul belíssimo com um clima agradável, resolvemos arriscar então um desses e optamos pelo que achávamos ser o menos cansativo, o passeio de caiaque.
O problema é que não contávamos com a nossa falta de preparo físico e, o que era para ser um agradável passeio de caiaque, 5 minutos depois já estávamos mortos e com os braços em frangalhos de tanto remar. Para se ter uma ideia, nem conseguimos ir para a parte aberta da lagoa, visto que o local onde se aluga os caiaques é na parte "interna", dentro dos canais da ilha. Sendo assim, ficamos passeando pela parte residencial entre os diversos canais, passamos por baixo de charmosas pontezinhas e ficamos admirando as casinhas que ficam na beira da água, algumas até com pequenas praias particulares. Uma pena que, com medo de molhar o celular (e ia molhar mesmo), não levamos e acabamos não tirando nenhuma foto do passeio, mas no google street view dá pra dar uma olhada como é. Outra dificuldade que tivemos é que alguns canais são bem estreitos, e com a nossa falta de coordenação para remar de forma ordenada os dois ao mesmo tempo, várias vezes batíamos nas muretas e ficávamos encalhados hehehehe. Mas foi bem divertido, vale a pena praticar alguma atividade náutica por lá e não é nada caro.
Não lembro quanto tempo era o passeio, mas de tão cansados acabamos encerrando antes do que tínhamos combinado. Terminado o passeio, já final da tarde, fomos voltando pra Knysna Central buscar as roupas na lavanderia e o carro na lavagem. Os carinhas do Car Wash até que tentaram, mas não conseguiram tirar completamente a grama que ficou encrustada entre a roda e o pneu, mas tirando isso, o carro parecia novo e com apenas um arranhãozinho no para-lama denunciando que havíamos sofrido o acidente. Para retirar o carro, novamente uma amostra da confiança sul africana: o atendente só falou para nós: "as chaves dos carros tão lá no painel, podem ir ali e pegar a de vocês e retirar o carro, tudo pronto". Podíamos ter pego qualquer carro que estava lá na lavagem que ninguém ia notar!
Resolvidas as questões burocráticas, o resto da noite compramos coisas para comer e beber e ficamos pelo hostel. Não que haja alguma vida noturna em Knysna, mas resolvemos descansar já que no outro rodaríamos mais uns bons quilômetros rumo a mais uma parada na Garden Route: o paraíso do surfe, Jeffrey´s Bay, passando antes pelo Tsitsikamma National Park. E assim encerramos nossa passagem por Knysna. Outras atrações indicadas para se visitar/fazer na cidade são:
Visitar a fábrica de cerveja artesanal Mitchell´s, que fica bem pertinho do Waterfront e onde é possível fazer degustações de diversas cervejas (infelizmente estava fechado no dia em que passamos lá.
Fazer a trilha Buffels Bay e avistar baleias
Observar baleias no Margaret´s View Point
Curtir a praia mais popular da cidade: Brenton on Sea
Visitar e fazer um safári no Knysna Elephant Park
Mas a atração mais imperdível mesmo (e que infelizmente perdemos) é contemplar a vista para as Knysna Head´s dos seus viewpoints, sendo a "cabeça" do Leste a mais acessível e com maior infraestrutura.
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